Os índios do Nordeste dos Estados Unidos partilham o conceito de um poder total, chamado manitu nos povos algonquinos, oki nos hurões e orenda nos iroqueses. Bom ou mau, este poder incarna em certos seres e objetos. E comunica com os humanos por intermédio dos espíritos. Os povos da costa nordeste têm uma vida ritual muito rica, com cerimônias propiciatórias e expiatórias para o animal e plantas comestíveis e ritos de passagem mais ou menos complexos. É suposto o indivíduo ter espíritos pessoais que invoca através de ritos de tipo xamanístico. Sortilégios, máscaras e outros objetos plenos de «poder» recebem cultos especiais. Confrarias de iniciação de curandeiros, como a Midewiwin dos ojibuás, formaram-se em certas sociedades, enquanto noutras permanecem desconhecidas. O personagem religioso da região é o xamã, especializado na cura (e adivinhação) pela técnica de «sacudir a tenda» (shakingtent) e pela sucção dos agentes espirituais patogênicos.
A crença na feitiçaria e nos rituais utilizados pelos curandeiros para a combater distinguem os índios da costa sudeste, como os cherokee, dos índios do Nordeste. Os rituais quotidianos de imersão em água eram considerados muito importantes para a sobrevivência do grupo. Entre as cerimônias sazonais, a do Ano Novo era a mais marcante, associada ao amadurecimento do milho. (Eliade e Couliano)