No simbolismo do “olho que tudo vê”, podemos notar que o triângulo ocupa sempre uma posição central e que, mais ainda, na maçonaria, está expressamente colocado entre o Sol e a Lua. Disso resulta que o olho contido no triângulo não deveria ser representado sob a forma de um olho comum, direito ou esquerdo, pois na verdade são o Sol e a Lua que correspondem respectivamente ao olho direito e ao olho esquerdo do “Homem Universal”, na medida em que este se identifica ao Macrocosmo. Para que o simbolismo seja inteiramente correto, esse olho deveria ser “frontal” ou “central”, isto é, um “terceiro olho”, cuja semelhança com o iod é ainda mais admirável. E, de fato, é esse “terceiro olho” que “tudo vê” na perfeita simultaneidade do eterno presente. A propósito, há nas figurações comuns uma inexatidão, introduzindo-lhe uma assimetria injustificável, e que se deve, sem dúvida, ao fato de que a representação do “terceiro olho” parece inusitada na iconografia ocidental; no entanto, todo aquele que compreende bem esse simbolismo pode facilmente retificá-la. [Guénon]
Notemos ainda, a propósito da “taça divinatória” (v. taça divinatória), que a visão de todas as coisas como no presente, se o entendermos em seu verdadeiro sentido (o único ao qual pode ser atribuído a “infalibilidade” expressamente enunciada no caso de José), está em clara relação com o simbolismo do “terceiro olho”, e portanto com a pedra caída da testa de Lúcifer, que lhe ocupava o lugar. É pelo mesmo motivo que, com sua queda, o próprio homem perdeu o “terceiro olho”, ou seja, o “sentido da eternidade”, que o Graal restitui àquele que chega a conquistá-lo. [Guénon]