Wei Wu Wei (FPM:1): Ação-Correta

tradução

Não-Ação no plano do ser torna-se, por articulação, Ação-Correta no plano de Existência.

Ação-Correta pode ser qualquer coisa, da violência até o que consideramos inação – pois a inação é inevitavelmente uma forma de ação.

A maioria de nossas ações são Ação-Incorreta. Somos macacos loucos eternamente fazendo coisas desnecessárias, obcecados com a necessidade de “fazer”, aterrorizados pela inação, glorificando “fazedores” quase que sem crítica, independentemente do estrago que causam, desprezando “não-fazedores”, igualmente acriticamente, cegos à prosperidade que segue em seu despertar, sendo o primeiro o resultado normal do que é a Ação-Incorreta, o último sendo o resultado normal da inação que é a Ação-Correta.

Mas o que consideramos ação é realmente reação, a reação de nosso ego artificial e impermanente ao não-ego, a eventos externos. Reagimos de manhã à noite: não agimos.

Penso que essa é a explicação da doutrina taoista da Não-Ação. A explicação é necessária porque a tradução dos ideogramas chineses não revela a diferença entre a Não-Ação que é numenal e a inação que é fenomenal.

O dinamismo da inação em uma dada circunstância pode ser maior que o da ação na mesma circunstância. Inação que é dinâmica exige visão e controle de si – pois a ação é mais fácil para nós do que a inação. É o dinamismo da inação que a identifica como Ação-Correta.

Nota – O termo ‘Ação-Correta’ é apenas uma aproximação, como seria o francês ‘l’Action Juste’. Dois termos adicionais poderiam segui-lo entre parênteses, a fim de desenvolver seu significado mais completamente. Essas palavras são ‘necessária’ e ‘real’. Pode-se ler, portanto, cada vez, ‘Ação-Correta, -Necessária, -Real’ e ‘Ação-Incorreta, -Desnecessária e -Irreal’. Mas o termo mais técnico ‘Ação-Adequada (e -Inadequada)’, quando entendido, ainda é melhor.


Original

Non-Action on the plane of Being becomes, by articulation, Correct-Action on the plane of Existing.

Correct-Action may be anything from violence to what we regard as inaction – for inaction is inevitably a form of action.

The majority of our actions are Incorrect-Action. We are mad monkeys eternally doing unnecessary things, obsessed with the necessity of ‘doing’, terrified of inaction, glorifying ‘doers’ almost uncritically, regardless of the havoc they cause, scorning ‘non-doers’, equally uncritically, blind to the prosperity that follows in their wake, the former being the normal result of what is Incorrect-Action, the latter being the normal result of inaction that is Correct-Action.

But what we regard as action is really reaction, the reaction of our artificial and impermanent ego to the non-ego, to external events. We react from morning to night: we do not act.

That, I think, is the explanation of the Taoist doctrine of Non-Action. Explanation is necessary because translation from the Chinese ideograms does not reveal the difference between Non-Action that is noumenal and inaction that is phenomenal.

The dynamism of inaction in a given circumstance can be greater than that of action in the same circumstance. Inaction that is dynamic requires vision and self-control – for action is easier to us than inaction. It is the dynamism of inaction that identifies it as Correct-Action.

Note – The term ‘Correct-Action’ is an approximation only, as would be the French ‘l’Action Juste’. Two additional terms could follow it in brackets in order to develop its meaning more fully. These words are ‘necessary’ and ‘real’. One may read, therefore, each time, ‘Correct, Necessary, Real Action’, and ‘Incorrect, Unnecessary, Unreal Action’. But the more technical term ‘Adequate (and Inadequate) Action’, when understood, is still better.

Wei Wu Wei