Wei Wu Wei (OS:1) – o tempo e o espaço

tradução

Tendemos a entender mal a natureza e exagerar a importância do “tempo” e do “espaço”.

Não existem tais ‘coisas’ (elas não existem por si mesmas): elas surgem aparentemente, ou seja, elas ‘funcionam’ apenas como um mecanismo pelo qual eventos, estendidos espacial e sequencialmente, podem se tornar cógnitos. Eles acompanham os eventos e tornam seu desenvolvimento realizável. Em si mesmos, eles não têm existência alguma. São aparências e sua aparente existência é deduzida dos eventos que acompanham e tornam perceptíveis. Eles são hipotéticos, como o ‘éter’, símbolos, como álgebra, inferências psíquicas para auxiliar no conhecimento do universo que objetivamos e não pré-existem, nem sobrevivem à parte dos eventos que acompanham, mas são utilizados em função de cada evento como ele ocorre.

Onde não há evento, não há necessidade de ‘tempo’ ou ‘espaço’ – e, na ausência deles, não estamos mais em cativeiro – pois não há quem acredite que esteja preso.

O tempo é apenas uma inferência, criada em um esforço para explicar crescimento, desenvolvimento, extensão e mudança, que constituem uma outra direção de medição além das três que conhecemos e perpendicularmente ao volume; e ‘passado’, ‘presente’ e ‘futuro’ são inferências derivadas dessa interpretação temporal da dimensão adicional na qual a extensão parece ocorrer. Todas as formas de temporalidade, portanto, são conceituais e imaginadas.

Assim, profecia ou precognição é a percepção de uma outra direção de medição, além da do tempo, um quarto ângulo reto, do qual – como no caso de cada dimensão superior – os inferiores são percebidos como um todo, de modo que os “efeitos” de “causas” são tão evidentes no que chamamos de futuro quanto no que chamamos de passado.

O evento ocorre apenas na mente de quem o percebe, singular ou plural, conforme o caso, e nenhum evento pode ser outra coisa senão uma memória quando o conhecemos. Nenhum evento é outra coisa senão uma experiência psíquica. Eventos, ou memórias de eventos, são objetivações na consciência.


Original

We tend to misunderstand the nature, and exaggerate the importance, of ‘time’ and ‘space’.

There are no such ‘things’ (they do not exist in their own right): these come into apparent existence, i.e., they ‘function’ only as a mechanism whereby events, extended spatially and sequentially, may become cognisable. They accompany events and render their development realisable. In themselves they have no existence whatever. They are appearances, and their apparent existence is deduced from the events they accompany and render perceptible. They are hypothetical, like the ‘ether’, symbols, like algebra, psychic inferences to aid in the cognisance of the universe we objectify, and they neither pre-exist, nor survive apart from, the events they accompany, but are utilised in function of each such event as it occurs.

Where there is no event there is no need of ‘time’ or of ‘space’—and in their absence we are no longer in bondage —for there is no one to believe that he is bound.

Time is only an inference, devised in an effort to explain growth, development, extension and change, which constitute a further direction of measurement beyond the three that we know and at right angles to volume; and ‘past’, ‘present’ and ‘future’ are inferences derived from this temporal interpretation of the further dimension in which extension appears to occur. All forms of temporality, therefore, are conceptual and imagined.

Thus prophecy or precognition is perception from a further direction of measurement, beyond that of time, a fourth right angle, wherefrom—as in the case of each superior dimension—the inferior ones are perceived as a whole, so that the ‘effects’ of ’causes’ are as evident in what we call the future as they are in what we call the past.

The event only occurs in the mind of the perceiver of it, singular or plural as the case may be, and no event could be anything but a memory when we know it. No event is anything but a psychic experience. Events, or memories of events, are objectivisations in consciousness. (The Open Secret, §1, p. 2-3)

Wei Wu Wei