tradução
Um velho escritor de magia, esqueci-me de quem, diz que se quiseres ser melancólico, segura na tua mão esquerda uma imagem da Lua feita de prata, e se quiseres ser feliz, segura na tua mão direita uma imagem do Sol feita de ouro. O Sol é o símbolo da vida sensível, da crença, da alegria, do orgulho e da energia, de facto, de toda a vida da vontade, e daquela beleza que não atrai de longe, nem se torna bela ao dar-se a si mesma, mas alegra todos porque é beleza. Taylor cita Proclus como chamando-lhe “o Demiurgos de tudo o que é sensível”. Era, portanto, natural que Blake, que estava sempre a elogiar a energia, e todo o transbordamento exaltado de si mesmo, e que pensava que a arte era um trabalho apaixonado para manter os homens longe da dúvida e do desânimo, e que o amor da mulher era um mal, quando atrapalhava a vontade do homem, visse o génio poético não numa estrela feminina, mas no Sol, e se regozijasse ao longo da sua poesia com “o Sol na sua força”. Shelley, no entanto, exceto quando o usa para descrever a beleza peculiar de Emilia Viviani, que era “como uma encarnação do Sol quando a luz se transforma em amor”, viu-o com olhos menos amistosos. Parece tê-la visto com perfeita felicidade apenas quando velada na névoa, ou cintilando sobre a água, ou quando suficientemente ténue para não fazer mais do que velar o brilho da sua própria Estrela; e em The Triumph of Life, o único poema em que faz parte do simbolismo declarado, o seu poder é o ser e a fonte de todas as tiranias. Quando a mulher que personifica a Estrela da Manhã se desvanece perante os seus olhos, Rousseau vê uma “nova visão” num “carro frio e brilhante” com um arco-íris a pairar sobre ela, e à medida que ela se aproxima, a sombra passa de “folha e pedra”, e as almas que ela escravizou parecem, “nessa luz, como átomos a dançar dentro de um raio de sol”, ou dançam entre as flores que crescem de novo “na verdura do deserto”, sem se aperceberem da miséria que as espera. Estes são “os grandes, os inesquecíveis”, todos os que usaram “mitras e elmos e coroas ou grinaldas de luz” e, no entanto, não se conheceram a si próprios. Até o “grande Platão” está lá porque conheceu a alegria e a tristeza, porque a vida que não o podia subjugar pelo ouro ou pela dor, pela “idade ou preguiça ou escravidão”, subjugou-o pelo amor. Todos os que já viveram estão lá, exceto Cristo e Sócrates e “os poucos sagrados” que puseram de lado tudo o que a vida podia dar, sendo sem dúvida seguidores ao longo das suas vidas das formas transportadas pelo ideal voador, ou que, “assim que tocaram o mundo com a chama viva, voaram de volta como águias para o seu meio-dia nativo”.
original
Some old magical writer, I forget who, says if you wish to be melancholy hold in your left hand an image of the Moon made out of silver, and if you wish to be happy hold in your right hand an image of the Sun made out of gold. The Sun is the symbol of sensitive life, and of belief and joy and pride and energy, of indeed the whole life of the will, and of that beauty which neither lures from far off, nor becomes beautiful in giving itself, but makes all glad because it is beauty. Taylor quotes Proclus as calling it ‘ the Demiurgos of everything sensible ’. It was therefore natural that Blake, who was always praising energy, and all exalted overflowing of oneself, and who thought art an impassioned labour to keep men from doubt and despondency, and woman’s love an evil, when it would trammel the man’s will, should see the poetic genius not in a woman star but in the Sun, and should rejoice throughout his poetry in ‘the Sun in his strength.’ Shelley, however, except when he uses it to describe the peculiar beauty of Emilia Viviani, who was ‘ like an incarnation of the Sun when light is changed to love,’ saw it with less friendly eyes. He seems to have seen it with perfect happiness only when veiled in mist, or glimmering upon water, or when faint enough to do no more than veil the brightness of his own Star ; and in The Triumph of Life, the one poem in which it is part of the avowed symbolism, its power is the being and the source of all tyrannies. When the woman personifying the Morning Star has faded from before his eyes, Rousseau sees a ‘ new vision ‘ in ‘ a cold bright car’ with a rainbow hovering over her, and as she comes the shadow passes from ‘leaf and stone,’ and the souls she has enslaved seem in ‘ that light like atomies to dance within a sunbeam,’ or they dance among the flowers that grow up newly ‘ in the grassy verdure of the desert,’ unmindful of the misery that is to come upon them. ‘ These are the great, the unforgotten,’ all who have worn ‘ mitres and helms and crowns or wreaths of light,’ and yet have not known themselves. Even ‘ great Plato ‘ is there because he knew joy and sorrow, because life that could not subdue him by gold or pain, by ‘ age or sloth or slavery,’ subdued him by love. All who have ever lived are there except Christ and Socrates and ‘ the sacred few ‘ who put away all life could give, being doubtless followers throughout their lives of the forms borne by the flying ideal, or who, ‘as soon as they had touched the world with living flame, flew back like eagles to their native noon.’