Sua pergunta é: “Por que existe ignorância?” Ela pressupõe que há ignorância e pressupõe que há alguém que é ignorante. Mas se investigarmos, descobriremos que nunca houve ninguém ignorante e que nunca houve ignorância. A ignorância é criada pela pergunta. Quando fazemos a pergunta: “Por que existe ignorância?”, a ignorância está ali mesmo, na pergunta. É a própria pergunta que turva as águas e cria a ilusão. Você estava se referindo ao passado, à ignorância do passado. A ignorância nunca existe no presente; ela está sempre no passado ou no futuro. Se ME permite sair pela tangente, aqueles de nós que gostam de ler textos indianos em sânscrito geralmente encontram um adjetivo específico aplicado à ignorância, que normalmente é traduzido como “sem começo”, ignorância que nunca teve um começo. Não ME lembro da palavra exata em sânscrito.
Se você considerar o sentido etimológico desse adjetivo, há outra interpretação possível que é “ignorância que não existe no presente”, “ignorância que não pode ser encontrada no presente”. Acho que era isso que os professores antigos queriam dizer. Eles não queriam dizer que a ignorância não tem um começo, o que não tem sentido; eles queriam dizer que se você procurar por ela, não a encontrará. Você só pode presumir que existe ignorância e é essa mesma suposição que a cria. Mas se você procurar por ela, ela não existe. (Francis Lucille)