A Universidade de Praga foi importante na história tchecoslovaca, tanto nos domínios políticos e religiosos quanto nos culturais. Foi fundada pelo imperador Carlos IV como a primeira universidade centro-europeia. Carlos IV publicou seu Edito de Ouro da fundação duas vezes, como rei da Boêmia (1348) e como imperador (1349), constituindo-a como instituição nacional e imperial. Tomou por modelo suas principais precursoras, Paris, Bolonha e Oxford, adotando a constituição parisiense, o que implicava a divisão em quatro “nações”, com o que passou a ter uma controvertida maioria alemã. O cisma interno (1372) resultou no desligamento da faculdade de direito, que até 1419 se manteve como entidade separada.
O gradual desvio alemão para universidades rivais (Viena, Heidelberg, Colônia, Erfurt) tornou sua maioria ainda mais anacrônica, e o conflito resultante foi intensificado pelo Grande Cisma. Finalmente, em 1409 (Decreto de Kutná Hora), o rei Venceslau da Boêmia transferiu três dos votos “nacionais” para os tchecos, causando uma importante secessão alemã e a nacionalização da Universidade. A afirmação tcheca provocou uma mudança do questionamento filosófico e teológico para o moral e eclesiástico, sendo os tchecos favoráveis ao realismo de Wycliffe contra o nominalismo alemão. Em 1409, João Huss é nomeado reitor da Universidade e, até a sua queda (1620), a Boêmia tornou-se o centro militante do hussitismo, dedicando-se a Universidade a servir a nação tcheca em sua luta para reformar a Igreja. No conflito que se seguiu em torno dos universais e da reforma, Huss liderou os realistas e reformadores, com o apoio de “wicliffistas” como Jerônimo de Praga, ao passo que o arcebispo Zbynek liderou a oposição conservadora tcheca. Quando Praga ficou sem rei (1419-52), a Universidade governou virtualmente a nação através do consistório utraquista. (DIM)