(ou wendes)
Nome dado pelos escandinavos e germanos aos povos eslavos ocidentais que ocupavam a costa báltica entre Kiel e o Vístula. Parentes dos boêmios e dos poloneses, os vênedos migraram do sudeste entre os séculos I e VI e, por volta de 900, tinham estabelecido fronteiras razoavelmente estáveis. Havia um certo número de diferentes tribos vênedas: a leste, os pomerânios, a oeste os vagrianos, polabianos e abotrites; e, entre eles, nas terras situadas entre os rios Warnow e Oder, um grupo de tribos conhecidas como os liutizianos; ao norte destes, na costa, estavam os rugianos. As tribos ocidentais e centrais falavam as línguas léxicas ocidentais, mas a língua pomerânia era o léxico oriental, um parente linguístico do polonês. A estrutura social vêneda tinha muitas semelhanças com a da Escandinávia, com príncipes poderosos e uma pequena elite militar governando uma sociedade predominantemente camponesa. Na costa, um certo número de comunidades urbanas dedicadas ao comércio e à pesca, como Szczecin e Oldenburgo, floresceram do século XI em diante em enseadas protegidas. Esses novos portos eram excelentes bases tanto para o comércio quanto para a pirataria, e as frotas que daí zarpavam formavam com os exércitos de cavalaria ligeira dos príncipes uma poderosa combinação em tempo de guerra.
No começo do século XII, os vênedos eram em sua grande maioria povos pagãos e adoradores de ídolos. Seu paganismo era parte intrínseca de sua organização social, e os sacerdotes estavam investidos de formidáveis poderes. A conquista e conversão dos vênedos tinha sido tentada pela primeira vez no século X com o estabelecimento de bispados como o de Oldenburgo, mas seguira-se uma reação pagã e por volta de 1100 restavam apenas algumas diminutas comunidades cristãs em algumas povoações costeiras. A continuação dos esforços missionários resultou na conversão de alguns dos príncipes pomerânios e abotrites na década de 1120 e na destruição de templos em suas terras por sacerdotes alemães. No começo da década de 1140, além disso, os saxões desalojaram alguns dos governantes vênedos da Vagria ocidental.
Finalmente, em 1147, a nobreza Saxônica, com o incentivo de São Bernardo de Clairvaux e do papa Eugênio III, desencadeou uma Cruzada contra os vênedos. Dois exércitos saxões, em combinação com duas frotas dinamarquesas, atacaram os abotrites com êxito apenas moderado; mas embora alguns dos súditos do príncipe Nyklot aceitassem o batismo, e o príncipe se tornasse um tributário dos saxões, tudo não passou de uma rendição simbólica, sem a tomada de terras vênedas. No meio século seguinte, o episcopado e as ordens monásticas começaram colonizando a região e, em conjunto com governantes locais, organizaram a guerra contra os vênedos pagãos e a campanha de conversão. Berna, um monge Cisterciense de Amelungsborg, converteu o príncipe abotrite Pribislau de Mecklemburgo; e em 1169 o rei Valdemar I da Dinamarca e seu meio irmão Absalão, bispo de Roskilde, quebraram o poder dos rugianos, cuja pirataria andava assolando a costa dinamarquesa. Nas décadas de 1160 e 1170, Valdemar aliou-se a Henrique, o Leão, duque de Saxônia, mas a rivalidade entre dinamarqueses e saxões tornou-se intensa, visto que ambos cobiçavam territórios e tributos. (A obra de Valdemar teve continuidade com Canuto e Valdemar II, mas ainda não estava completa à época da morte do segundo em 1241.) Apesar da benção papal para as guerras, a conversão dos vênedos e sua absorção na sociedade ocidental deveram-se tanto à cobiça territorial quanto aos ideais das Cruzadas. (DIM)