Uma das principais significações simbólicas da serpente, como se sabe, refere-se às correntes cósmicas sobre as quais já nos referimos mais acima, correntes estas que, afinal, nada mais são que o efeito e a expressão de ações e reações das forças emanadas respectivamente do céu e da terra. Isso fornece a única explicação plausível da assimilação do arco-íris à serpente, e essa explicação concorda perfeitamente com o caráter que se reconhece ao arco-íris, ou seja, ser o signo da união do céu e da terra. Tal união é, de fato, manifestada de algum modo por essas correntes, que, sem ela, não se poderiam produzir. É necessário acrescentar que a serpente, quando tem essa significação, encontra-se no mais das vezes associada a símbolos axiais, tais como a árvore ou o bastão, o que é fácil de se compreender, pois é a própria direção do eixo que determina a das correntes cósmicas, sem que se confundam as duas direções, do mesmo modo que, para retomar aqui o simbolismo correspondente em sua forma geométrica mais rigorosa, uma hélice traçada sobre um cilindro não se confunde com o eixo desse cilindro.
Uma conexão similar, entre o símbolo do arco-íris e o da ponte, poderia ser considerada como a mais normal; mas, a seguir, essa conexão levou em certos casos a uma espécie de fusão dos dois símbolos, o que só seria inteiramente justificada se fosse considerada ao mesmo tempo a dissolução da dualidade das correntes cósmicas diferenciadas na unidade de uma corrente axial. (Guénon)