O que, segundo a tradição hindu, está oculto na “caverna do coração”, ou seja, o próprio princípio do ser que, nesse estado de “envoltura”, e em relação à manifestação, é comparado ao que há de menor (a palavra danara, que designa a cavidade em que ele reside, refere-se à mesma ideia de pequenez), ainda que seja na realidade o que existe de maior; do mesmo modo que o ponto geométrico, espacialmente ínfimo e mesmo nulo, é o princípio pelo qual se produz todo o espaço, ou do mesmo modo que a unidade, que aparece como o menor dos números, embora em princípio contenha todos os demais e produza, por si mesma, toda sua série indefinida.
Aí também encontramos a expressão de uma relação inversa, conforme o princípio seja considerado segundo pontos de vista diferentes. Desses dois pontos de vista (v. menor-maior), o da extrema pequenez diz respeito ao seu estado oculto e de algum modo “invisível”, que é para o ser apenas uma “virtualidade”, mas a partir do qual se efetuará o seu desenvolvimento espiritual. Encontra-se aí exatamente o “começo” (initium) desse desenvolvimento, o que está em relação direta com a iniciação, entendida de acordo com o sentido etimológico do termo. É precisamente desse ponto de vista que a caverna pode ser considerada como o local do “segundo nascimento”. A esse respeito, encontramos textos tais como: “Saiba que Agni, que é o fundamento do mundo eterno (“principial”), e pelo qual este pode ser alcançado, está oculto na caverna (do coração)”, o que se refere, na ordem microcósmica, ao “segundo nascimento”, e também, mediante sua transposição para a ordem macrocósmica, ao nascimento análogo do Avatara. (Guénon)