De acordo com a concepção ortodoxa, um ANJO, enquanto “intermediário celeste”, nada mais é no fundo que a expressão de um atributo divino na ordem da manifestação informal, pois somente isso permite estabelecer, através dele, uma comunicação real entre o estado humano e o próprio Princípio, do qual representa assim um aspecto mais particularmente acessível aos seres que estão nesse estado humano. É o que mostra, aliás, de forma muito clara os nomes dos ANJOs, que sempre, de fato, são a designação de atributos divinos. É aqui sobretudo que o nome corresponde de maneira plena à natureza do ser, estabelecendo uma verdadeira unidade com sua essência. Desde que não se perca de vista essa significação, as “raízes” não podem portanto ser “cortadas” (v. cortar as raízes). Poder-se-ia dizer, por conseguinte, que o erro a esse respeito, que consiste em se admitir que o nome divino pertence com exclusividade ao ANJO como tal e enquanto ser “separado”, só se torna possível quando a inteligência da língua sagrada se obscurece. E se nos dermos conta do que isso tudo implica na realidade, poderemos compreender que essa observação dá margem a um sentido muito mais profundo do que pareceria à primeira vista. (Guénon)


gr. aggelos = “mensageiro” (como em hebraico mal’ak).

1) (significado original). Enviado, ou seja, um delegado através do qual Deus diz ou faz alguma coisa. Às vezes o próprio Deus quando se manifesta.

“O Anjo de Deus que marchava à frente dos exércitos de Israel” (Êxodo, XIV, 19).

2) (sentido amplo). Espírito celeste imortal, ou santo e incorpóreo, ou mau e decaído.

3) (sentido reduzido). Espírito bom que glorifica a Deus, é mediador dos demónios, dos homens e do mundo, e guia os seres.

“O trovão e os anjos / Louvam-no com admiração” (Alcorão, XIII, 13).

4) (sentido restrito). Categoria dos espíritos bons mais próximos da natureza humana: 3ª ordem da 3ª hierarquia em pseudo-Denys que distingue na sua Hiérarchie céleste, VI, 2 (trans., Sources chrétiennes, n° 58 bis, 1970) de cima para baixo: Serafins, Querubins, Tronos; Dominações, Virtudes, Potências; Principados, Arcanjos, Anjos.

“Os Ditos chamam Anjos a todas as espécies celestes, mas designam propriamente como angélica a ordem última que completa as cortes divinas” (IV, 4).

5) um ser incorpóreo que emana do homem (e não mais enviado por Deus). (Mas o anjo da guarda pode ser enviado: “Enviarei um anjo diante de ti para que te guarde”, Êxodo, XXIII, 20; ou emanado: Mateus, XVIII, 10, ao que parece: “Estes pequeninos… digo-vos que os seus anjos no céu estão constantemente na presença de meu Pai”). Por exemplo: o germânico fylgja, o fravashi (Avesta).

B. G. Davidson, A dictionary of angels, 1971, Macmillan, 386 p. (PRDE)