Schuon (FSDH) – O argumento evolucionista de um progresso intelectual

O argumento evolucionista de um progresso intelectual

Aqueles que sustentam o argumento evolucionista de um progresso intelectual adoram explicar as ideias religiosas e metafísicas pelas faculdades psicológicas inferiores, tais como o medo do desconhecido, a esperança infantil de uma felicidade perpétua, o apego a uma imaginária que se tornou desejada, a evasão nos sonhos, o desejo de oprimir a outro para benefício próprio, etc.; como não se vê que tais suposições, apresentadas sem vergonha como fatos demonstrados, comportam inconsequências e impossibilidades psicológicas que não escapam a qualquer observador imparcial? Se a humanidade foi estúpida durante milênios, não se explica como ela pôde cessar de sê-lo, na medida que foi em um lapso de tempo relativamente muito curto; e não se explica menos ainda quando se observa com que inteligência e com que heroísmo ela foi estúpida durante tanto tempo e com que miopia filosófica e com que decadência moral ela enfim se tornou «lúcida» e «adulta»1.

A essência do real, é o banal ou o trivial, parecem dizer os cientistas e outros pseudo-realistas. Ao que poderíamos responder: a essência do real, é o milagroso; o milagre da consciência, da inteligência, do conhecimento. No princípio era, não a matéria, mas o Espírito, que é o alfa e o ômega.


  1. Um traço característico de «nosso tempo» é que se prende por toda parte «a carroça diante dos bois»: o que normalmente deveria ser o meio se torna o fim, e inversamente. As máquinas são consideradas estar aí para os homens, mas de fato os homens estão aí para as máquinas; ao passo que outrora os caminhos estavam aí para as cidades, agora as cidades estão aí para os caminhos; em lugar das mídias de massa estarem aí para a «cultura», esta última está aí para as mídias de massa, e assim por diante. O mundo moderno é uma atrapalhação inextricável de rolamentos que ninguém pode parar.  

Frithjof Schuon