Schuon (FSRMA) – Reflexões sobre a ingenuidade

Atribuir um espírito ingênuo a todos aqueles que nos precederam é a maneira mais simples de se elevar, e é ainda mais fácil e sedutor porque se baseia em parte em observações precisas, embora fragmentárias, que foram exploradas ao máximo — com a ajuda de generalizações abusivas e interpretações arbitrárias — de acordo com o evolucionismo progressivo. Em primeiro lugar, precisamos concordar com a própria noção de ingenuidade: se ser ingênuo é ser direto e espontâneo e ignorar a dissimulação e os desvios e, sem dúvida, também certas experiências, então os povos não modernos possuem — ou possuíam — de fato uma certa ingenuidade; mas se ser ingênuo é simplesmente não ter inteligência e senso crítico, e estar aberto a todos os tipos de engano, certamente não há razão para acreditar que nossos contemporâneos sejam menos ingênuos do que nossos ancestrais foram.

  • Do meio mais simples de se elevar a si mesmo
  • “O homem de nosso tempo” e sua obsessão de parecer ingênuo
  • Nada de mais simplista que esta pretensão de “partir do zero
  • De uma analogia que pode induzir em erro: aquela entre a infância dos indivíduos e a dos povos
  • Distinção entre uma ingenuidade intrínseca e extrínseca
  • Do grande e clássico erro de remediar abusos por outros abusos
  • Da confusão dos domínios por nossos ancestrais nas ciências físicas
  • Da aceitação da dimensão anímica como parte integrante da religião
  • Que se deve entender por superstição?
  • Que quer dizer a frase de Tomás de Aquino “um erro concernente à criação engendra uma falsa ciência sobre Deus”?
  • Da ingenuidade de tomar o mundo sensível como único mundo
  • Das devassas do cienticismo e de sua psicologia particular
  • Quando se busca reconstituir a psicologia dos ancestrais…
  • Em nossos dias, todo mundo quer parecer inteligente…
  • Há por toda parte ingenuidade e assim sempre foi
  • Se a Bíblia é ingênua, é um honra ser ingênuo…

Frithjof Schuon