Zimmer

Ao leitor não familiarizado com a cronologia dos documentos indianos, relataremos sucintamente que os quatro Veda [Rg, Yajur, Sama e Atharva] contêm os hinos e os encantamentos mágicos das famílias arianas pastoris que entraram na Índia pelas montanhas do noroeste durante o segundo milênio a.C, época aproximada em que os aqueus [com quem estavam de certo modo aparentados e cuja língua se assemelhava ao sânscrito védico] chegavam à Grécia. Os hinos védicos são o monumento religioso e literário mais antigo existente da assim chamada família de línguas indo-europeias, abrangendo todas as literaturas das seguintes tradições: céltica [irlandês, galês, escocês, etc], germânica [alemão, holandês, inglês, norueguês, gótico, etc], itálica [latim, italiano, espanhol, francês, romeno, etc], grega, balto-eslávica [antigo prussiano, letão, russo, tcheco, polonês, etc.], anatólia [armênio, antigo frígio, etc], iraniana [persa, afegã, etc.] e indo-ariana [sânscrito, páli e as línguas modernas do norte da Índia como o hindi, bengali, sindi, panjabi e gujarate, bem como a língua falada pelos ciganos]. Muito dos deuses, crenças e observâncias da época védica estão em estreito paralelo com os tempos homéricos. Os hinos parecem ter se fixado na sua forma atual cerca de 1500-100O a.C.

Entretanto, o termo Veda não compreende apenas essas quatro coleções de hinos, mas também um grupo de composições em prosa apendiculados às mesmas, conhecido por Brahmana que, tendo sido redigido nos séculos imediatamente posteriores, representa uma época de meticulosa análise teológica e litúrgica. Os Brahmana contêm longas e pormenorizadas discussões acerca dos elementos e conotações do sacrifício védico, bem como alguns fragmentos de inestimável valor dos antiquíssimos mitos e legendas árias.

Após o período dos Brahmana veio o das Upanixades [acima mencionado], que desabrochou no oitavo século a.C. tendo seu apogeu no século de Buda [aprox. 563483 a.C]. Estes períodos são comparáveis às datas da filosofia grega, começando com Tales de Mileto [6407-546 a.C.] e culminando nos diálogos de Platão [4277-347 a.C.] e as obras de Aristóteles [384-322 a.C]. [Zimmer]

Antonio de Nicolás