CHAN — CATHERINE DESPEUX — O CAMINHO DO DESPERTAR
É a partir do século VII que se desenvolveu no Chan a metáfora do adestramento do búfalo como ilustração do caminho até o Despertar. Um pouco mais tarde, provavelmente ao redor dos séculos X-XI, apareceram poemas e ilustrações desenvolvendo em várias etapas o adestramento do búfalo. A aparição de tais ilustrações não é um fato isolado. Por um lado participam de um movimento geral, sob a dinastia Sung, destinado a representar de forma gráfica movimentos filosóficos, ou puramente artísticos. Por outra parte, correspondem à aparição e a expansão na China da xilografia como meio de difusão em grande escala de escritos profanos e budistas, acompanhados a maior parte das vezes de figuras ou representações.
Apesar da proscrição do budismo na China em 845, o Chan não somente seguiu florescendo, senão que se desenvolveu e dividiu-se em seguida em cinco escolas principais, as Cao Dong, Linji, [wiki]Fayan[/wiki], Yunmen, Gui Yang. É principalmente em duas destas escolas, as de Cao Dong e Linji, que se desenvolveram as versões ilustradas do adestramento do búfalo.
Os mestres Chan foram os únicos a recorrer a metáfora do adestramento de uma animal selvagem. É necessário notar na China a existência de uma versão taoista do adestramento do cavalo devida a um tal Gao Daokuan. Este último pertencia à ep-en:Quanzhen|escola Quanzhen, que se desenvolveu a partir da dinastia Sung e foi fortemente influenciada pelo budismo Chan, até o ponto de que alguns textos desta escola, se não incluíssem dois ou três termos taoistas, pareceriam puramente Chan. O autor desta versão do cavalo conheceu as etapas do adestramento do búfalo, versão da qual provavelmente derivou.
No Tibete encontramos finalmente uma versão do adestramento do elefante, cujas ilustrações mas antigas datam do século XVII. Os elementos de que dispomos na atualidade não nos permitem afirmar se o tema e as ilustrações do adestramento do elefante são anteriores às do búfalo ou inversamente, nem quais foram as influências recíprocas. Notemos que esta versão ilustra outra filosofia: a das nove etapas do samatha do budismo [wiki]Vijñānavāda[/wiki].