Alston (SSB3:VIII.1.3) – o experienciador

3. Bem, por que não considerar o complexo da Energia Vital e o próprio corpo como o experimentador? Qual é o sentido de assumir qualquer experimentador além desses?

Não é correto falar assim. Pois se viu que uma diferença foi introduzida pelo toque (do homem adormecido por Ajatashatru). Se o experimentador fosse simplesmente o complexo da Energia Vital e do corpo, não haveria diferença, no que diz respeito ao despertar, entre um adormecido que foi tocado e um adormecido que não foi. Mas se houvesse um adormecido além do complexo da Energia Vital e do corpo e separado dele, então a diferença se tornaria inteligível. Pois tal experimentador poderia muito bem passar pelas diferentes sensações de ser deixado intocado e de ser tocado, porque suas relações passadas com o complexo da Energia Vital e do corpo teriam sido muitas e variadas, e porque se poderia esperar que passasse por flutuações de fortuna como resultado de suas ações passadas, boas, ruins e indiferentes, levando a vários graus de prazer, dor e ilusão. Mas no caso do mero complexo da Energia Vital e do corpo, nenhuma mudança poderia surgir como resultado de ações passadas ou relações passadas com outras entidades. Tampouco o grau de intensidade da voz ou a aspereza do toque afetariam minimamente a questão. Mas de fato afetam, pois, quando o homem adormecido não acordava com um leve toque, Ajatashatru conseguia acordá-lo sacudindo-o repetidamente com a mão. Assim, aquele que foi despertado pela sacudida, que parecia estar flamejando e brilhando com fogo e ter sido convocado de algum outro lugar, e que transfigurou completamente o corpo conferindo-lhe várias formas de consciência e atividade, deve ter sido outro que não o corpo.

A. J. Alston, Sankara (séc. VIII)