Alston (SSB3:VIII.1.8) – De onde vem a alma individual?

Se o Absoluto é uno, sem um segundo, do ponto de vista da verdade final, puro e intocado pelas dores da vida transmigratória, então de onde vem essa coisa forma de Si, coberta por características da experiência transmigratória como “nascido”, “morto”, “feliz”, “miserável”, “eu” e “meu”?

Nós respondemos: As palavras no texto da Upanishad ‘Destes elementos’ referem-se ao corpo e aos órgãos dos sentidos da alma individual e aos objetos que ela desfruta, que evoluem a partir desses elementos. Esses fatores na vida do indivíduo são da natureza do nome e da forma e são comparáveis à espuma e às bolhas, onde o Si supremo permanece como a água pura. Já foi declarado que tudo isso, até os objetos dos sentidos, se dissolve no Absoluto como Consciência em massa (prajnāna-ghana), como os rios no mar, por meio do conhecimento da verdade final, alcançado pela discriminação.

“Destes elementos” — isto é, do corpo, dos órgãos dos sentidos e dos objetos — designados como realidade (empírica) (satya), a alma surge “como um pedaço de sal”. Assim como o reflexo do sol ou da lua surge na água, ou como a cor vermelha surge em um cristal a partir de algum objeto tingido de vermelho e colocado próximo a ele, de modo a constituir seu “complemento externo”, da mesma forma o Si surge como uma “coisa” na forma da alma individual, formada pelos complementos externos (sobrepostos) do corpo, da mente e dos sentidos. Eventualmente, os elementos transformados no organismo individual e os objetos de sua experiência — que são o que condiciona a forma de massa da alma individual — são dissolvidos como rios no mar por meio das instruções do Veda e do Professor. Quando desaparecem como espuma e bolhas na água, essa existência individual em forma de coisa desaparece com eles. Quando o reflexo do sol ou da lua na água, ou o reflexo da cor no cristal, é destruído pela remoção de um dos fatores do reflexo, seja a água na qual as luminárias são refletidas ou o objeto tingido de vermelho que é refletido no cristal, então a lua, o sol ou o cristal se destacam em sua verdadeira natureza. E da mesma forma, com a remoção da consciência individual, a Consciência em massa se destaca em sua verdadeira natureza, infinita, insondável, pura e brilhante.

A. J. Alston, Sankara (séc. VIII)