Boi esquecido

BUDISMO — CHAN — AS DEZ ETAPAS DA ILUMINAÇÃO

”PASTOREIO DO BOI E O ZEN (excertos de “O Retorno à Origem”, de Lex Hixon)”

7. O BOI ESQUECIDO, O EU SOLITÁRIO — O sábio, finalmente, considera a si mesmo como a expressão total da Verdadeira Natureza. Todos os conceitos e práticas espirituais são agora inúteis. O modo contemplativo tornou-se indistinguível da vida cotidiana.

A sétima imagem do Pastoreio do Boi é denominada O Boi Esquecido, o Eu Solitário. O sábio finalmente considera a si mesmo como a expressão total da Verdadeira Natureza: Não há dualidade. O Boi é sua Natureza Primordial: isto ele agora reconheceu… Somente montado no Boi ele foi capaz de voltar para Casa. Mas vejam! O Boi agora desapareceu, e sozinho e sereno senta-se o homem… Acolá, debaixo do telhado de sapé, descansam seu inútil chicote e sua inútil corda. Todos os conceitos e práticas espirituais são agora inúteis. Não está, de modo algum, em questão a idéia da conquista e da disciplina. O modo contemplativo tornou-se indistinguível da vida cotidiana. A meditação, não mais especial do que caminhar ou respirar, tornou-se a atividade natural do sábio, não subentendendo nenhum senso de separação ou motivação. Somente montado no Boi ele foi capaz de voltar para Casa. Essa prolongada dualidade entre o praticante e sua Verdadeira Natureza foi necessária durante todo o caminho até estágio de Retorno à Casa. Surge aqui uma nova imagem. O Boi simbolizava a Verdadeira Natureza durante o período da busca ilusória, da disciplina e da conquista, mas a imagem de Casa não mais contém essas ilusões. E contudo, embora o Boi separado tenha desaparecido, o sábio Iluminado ainda existe como uma personificação particular da Verdadeira Natureza. Ele usufrui a serenidade e o isolamento. Essa dualidade sutil criada pela existência isolada do sábio ainda está por se dissolver na unidade perfeita da Mente Original. Do mesmo modo como os papéis daquele que busca e do praticante desapareceram gradualmente, também o papel do sábio precisa cessar de limitar a Iluminação.

Lex Hixon