Categoria: Ibn Arabi
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Beleza enquanto forma teofânica
(PLW1980) O grande sufi andaluz do século XII, Ibn Arabi, visitou Meca e lá conheceu um xeique persa de Isfahan. Este xeique tinha uma filha de quatorze anos chamada Nizam Ayn al-Shams (‘Harmonia Olho do Sol’), que era tanto bela quanto misticamente talentosa. Em honra ao seu amor por ela, Ibn Arabi compôs um volume…
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Alquimia Espiritual
in Ibn ArabiExcertos da introdução de Roberto Ahmad Cattani de sua versão em português da “Alquimia da Felicidade Perfeita”, de Stéphane Ruspoli Segundo Ali, companheiro e sucessor do Profeta Mohammad, “a alquimia é a irmã da profecia”, e veremos neste livro que Ibn Arabi chama Jesus de “mestre da Alquimia”. Bastam estes elementos para mostrar que a…
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Ibn Arabi (IAPC) – A Produção dos Círculos (apresentação de Maurice Gloton)
O tratado inteiro, que ocupa trinta e quatro páginas na edição original, consiste em um preâmbulo e dois capítulos (façl). O segundo capítulo é subdividido em quatro seções (bab), cada uma das quais contém uma tabela. Para tornar a estrutura do texto mais clara, tomamos a iniciativa de introduzi-las com títulos significativos, que listamos abaixo:…
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Coates – Retrato da Realidade de Ibn Arabi
in Ibn ArabiSem dúvida, a chave para entender todo o corpus de Ibn Arabi está na ideia central de wahdat al-wujud — a Unicidade do Ser. Para Ibn Arabi, wahdat al-wujud (também traduzido como a Unidade ou Unicidade da Existência) é um fato ontológico inescapável. O referente dessa descrição condensada é o Ser — não um ser…
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Belos Nomes
in Ibn ArabiMaurice Gloton: Introdução ao TRAITÉ SUR LE NOM ALLAH, de Ibn Ata Allah O Profeta — sobre ele graças e paz — disse: «Alá tem noventa e nove Nomes; aquele que os recita — ou os retém — entra no Paraíso». Os seres referidos por este hadith se dividem em três categorias: Aqueles que os…
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Morris (MorrisRH) – Coração Reflexivo
DESCOBRINDO A INTELIGENCIA ESPIRITUAL NAS ILUMINAÇÕES DE MECA DE IBN ARABI Trata-se de um livro sobre os caminhos onde gradativamente descobrimos a significação profunda dos elementos familiares de nosso cotidiano — não apenas aqueles momentos memoráveis que ordinariamente vemos como “espirituais”. A inteligência espiritual — a interação iluminativa de nossa experiência, reflexão e prática individuais…
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Chittick (SPK) – duas denotações dos nomes divinos
Todo nome divino significa ou denota (dalala) duas realidades: a Essência Divina e uma qualidade específica para si mesmo que o separa ou “distingue” (tamayyuz) de outros nomes divinos. (Chittick) Os nomes dos nomes são diversos apenas por causa da diversidade de seus significados (maud). Se não fosse por isso, não seríamos capazes de distinguir…
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Chittick (SPK) – poder de transmutação (tahawwul)
Realidades, raízes e suportes são todos redutíveis às coisas e situações conhecidas por Deus, ou seja, os objetos do conhecimento divino (ma’lumat). Em uma passagem, Ibn Arabi explica esse ponto ao discutir o poder de alguns dos amigos de Deus de entrar no Mundo da Imaginação e aparecer para diferentes pessoas ou até mesmo para…
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Ibn Arabi (IAKK) – a crença do gnóstico
in Ibn ArabiUm dos assuntos especiais que Ibn Arabi quer explicar em seu Futuhat-al-Makkiyah é o seguinte: “Se um gnóstico (arif) é realmente um gnóstico, ele não pode ficar preso a uma forma de crença. Ou seja, se um possuidor de conhecimento é conhecedor do ser em sua própria ipseidade, em todos os seus significados, ele não…
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Ibn Arabi (IAKK:1-3) – reconhecimento
Um hadith explica assim: Quando as pessoas destinadas ao Paraíso chegam a seus postos, o Senhor oferece um vislumbre, abrindo um pouco a cortina que esconde Sua Grandeza e Grandiosidade, e diz: “Eu sou o seu grandíssimo Senhor”. Ou seja, sou o grande Deus que há anos ansiavam e desejavam ver. Essa revelação de Deus…
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Ibn Arabi (IAKK:2-3) – conhecer a si mesmo
in Ibn ArabiDe fato, no Alcorão Sagrado é dito o seguinte: “A pessoa que é cega neste mundo também é cega no outro”, o que significa que aquele que não abriu seu olho do significado aqui será da mesma forma cego quando se mudar para o outro mundo. Consequentemente, ele não será capaz de ver a Revelação…
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Michel Chodkiewicz – O Selo dos Santos
PROFECIA E SANTIDADE NA DOUTRINA DE IBN ARABI (MCSS) Os trabalhos de Miguel Asin Palacios, de Henry Corbin, de Toshihiko Izutsu revelaram ao público ocidental a figura singular de Ibn Arabi. Se os grandes traços de sua metafísica começam a ser conhecidos, sua hagiologia quase não foi explorada, embora se constitua na primeira formulação global…
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Chodkiewicz (MCSS) – Dupla Escada
Michel Chodkiewicz — O Selo dos Santos (MCSS) A Dupla Escada A hagiologia akbariana se ordena ao redor de três noções fundamentais: wiratha — a herança de uma ciência espiritual ou de um modo de conhecimento de Deus próprio a um dos modelos proféticos — explica as formas da santidade. niyaba — a substituição do wali…
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Shah-Kazemi (RSKPT) – identidade imanente e transcendente
Enquanto a doutrina de Shankara foi vista como fluindo do texto “Isso é o Absoluto; Isso és”, a doutrina de transcendência de Ibn Arabi pode ser considerada como um comentário esotérico elaborado sobre o primeiro artigo da fé islâmica: “Não há divindade exceto a (única) Divindade”. Enquanto na primeira perspectiva é afirmada a natureza totalmente…
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Shah-Kazemi (RSKPT) – relação entre o relativo e o Absoluto
Embora todas as realidades existenciadas — portanto, relativas — encontrem seu princípio imediato no Nível da Divindade, a realidade absoluta pertence exclusivamente à Essência, que só pode ser referida apofaticamente, já que qualquer afirmação positiva constituiria uma definição daquilo que é indefinível: “Aquele que supõe ter conhecimento dos atributos positivos do Ser está supondo erroneamente.…
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Izutsu (ST:206-207) – Criação Perpétua
Passamos agora a uma das características mais interessantes da teoria da criação, peculiar a Ibn Arabi. Essa parte de sua teoria é historicamente de importância primordial porque é uma crítica à filosofia atomística dos teólogos ash’aritas. Já vimos, em conexão com outro problema, que, na visão de mundo de Ibn Arabi, a automanifestação do Absoluto…
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Ibn Arabi: Aquele que conhece a si mesmo, conhece seu senhor
I know the Lord through the Lord without doubt or uncertainty. My essence is really His essence without lack or imperfection. There is no otherness between Us and my self is the place where the invisible appears. Since I know myself without mixture or blemish, I have reached union with my beloved without distance or…
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Izutsu (ST:110-111) – Alá e o Senhor
Um dos elementos fundamentais do pensamento de Ibn Arabi sobre Deus é a diferença teológico-ontológica entre Alá e o Senhor (rabb). No capítulo de Noé (Alcorão, LXXI), ao qual foi feita referência anteriormente, Noé, dirigindo-se a Deus, usa a expressão “meu senhor (rabb-i)”, mas não diz “meu Deus (ilah-i)”. Ibn Arabi encontra um significado especial…
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Izutsu (ST:116-117) – Misericórdia Ontológica
Os dois capítulos anteriores1 deixaram claro que há uma diferença de níveis entre os Nomes Divinos e que um Nome superior praticamente contém em si todos os Nomes de níveis inferiores. Se esse for o caso, então é natural supormos que deve haver nessa hierarquia o Nome mais elevado, ou seja, o mais abrangente, que…
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Izutsu (ST:263-264) – Santidade
O capítulo anterior revelou que, no momento em que começamos a considerar o homem em nível individual, nos deparamos com a existência de vários graus entre os homens. Vimos também que o mais elevado de todos os graus humanos é a “santidade” (walayah). O santo (waliy) é o mais elevado “conhecedor” de Deus e, consequentemente…