Categoria: André Padoux (1920-2017)
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Padoux (APPA:nota) – jada – sem brilho por si mesmo
Tr. Antonio Carneiro jada. A inércia (jadatā) caracteriza o que, à diferença da consciência, não brilha por si mesmo, não tem atividade própria, nem consciência. A inércia, contudo, não tem existência senão graças à Consciência: é o que diz, por exemplo, o P.T.v.: « O mundo, que compreende o consciente e a inércia, subsiste porque…
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Silburn & Padoux (AGLT:42-43) – quintupla atividade de Shiva
Uma página que Lilian Silburn escreveu há algum tempo, quando já estava pensando em publicar uma tradução dos primeiros cinco capítulos do TĀ, mostra claramente como essa atividade quíntupla de Śiva ocorre, no plano divino e no do ser humano: “Paramaśiva, a Consciência absoluta, existiria sozinho, em si mesmo, se, de uma forma de jogo,…
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Abhinavagupta (APPA) – Curta Glosa da Tripla Soberana Suprema (Padoux)
Onde na Luz estão todas as luzes e na Escuridão todas as trevas, a essas luzes e a essas trevas, esplendor inigualável (anuttara), homenagem! No curso da verdadeira tradição, o Trika foi explicado de muitas maneiras, mas é (aqui), de acordo com Utpaladeva, que a essência dos Tantras é exposta. Sempre novo e secreto, antigo…
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Padoux (APEP:31-32) – prana
(…) “Todos os deuses residem no homem, como vacas em um estábulo. Aquele que conhece o homem pensa: este é Brahman”, disse o Atharveda (XI 8,32); as forças que animam o cosmos são as mesmas forças que animam o homem. Essa energia cósmica e humana seria mais tarde simbolizada pelo kundalinî, que apareceria ao mesmo…
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Padoux (APEP:29-30) – quadripartição do brahman
A quadripartição de Brahman, a Palavra ou o Universo, no entanto, é ainda mais antiga que a Upanishad. Seu mais célebre representante é o hino a Purusha no Rigveda (X. 90), segundo o qual o Gigante primordial se dividiu em quatro: “Todos os seres são um quarto dele; os imortais no céu, os outros três…
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Padoux (APEP:28-29) – Especulações sobre o OM
As especulações upanishádicas sobre o om às vezes têm ainda outro aspecto: essa sílaba é considerada decomponível e, então, descobrimos três elementos (a + u + m) ou quatro (a + u + m + om, ou o que, com o alongamento, tem três “mores” e m que tem um, formando quatro). Posteriormente, essa abordagem…
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Padoux (APEP:26-28) – OM
É de se perguntar por que a sílaba om adquiriu uma exaltação tão extraordinária. Ela parece ter sido usada desde o Yajurveda, onde também encontramos outras sílabas usadas para fins rituais: him, hum, svâhâ, vashat, vet, nenhuma das quais teve o mesmo destino, nenhuma das quais foi divinizada. Pranava, ou seja, aquilo que soa ou…
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Padoux (APEP:24-26) – akshara (OM)
Outro termo que, no Veda, indica tanto um aspecto da Palavra quanto o absoluto, ou a palavra sagrada como a base imperecível do discurso ou da criação, um termo que mais tarde veio (embora mantendo seu valor gramatical de ‘sílaba’) a designar o primeiro princípio imperecível, mas mais especialmente, com frequência, como simbolizado pelo mantra…
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Padoux (APEP:20-22) – Vak ou Vac (a fala)
Dos termos usados para designar a fala no Veda, o primeiro a se destacar é vâk (ou vâch), porque é encontrado com o mesmo significado de “palavra” em muitos textos posteriores. Vâk (uma palavra feminina!) aparece em vários versos isolados em vários livros do Rigveda, incluindo aqueles considerados os mais antigos: a noção do papel…
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Silburn & Padoux (AGLT:44-45) – graça
Se essas cinco funções de Śiva são cinco aspectos inseparáveis de sua atividade, a última, entretanto, a graça, é considerada a mais elevada. Abhinavagupta enfatiza essa preeminência desde as primeiras palavras de seu comentário sobre o Parātrimśikā (AGP), onde ele identifica Śiva com a energia suprema que é a graça: “O Senhor supremo, dotado de…
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Silburn (AGLT:39-40) – funções de Shiva
Essas energias divinas são inumeráveis e multiformes, pois manifestam o poder infinito, a generosidade inesgotável da divindade. No entanto, elas podem ser distinguidas de acordo com seu papel e classificadas de maneiras diferentes, dependendo do ponto de vista sob o qual são vistas. Os autores ou escolas sivaítas que foram influenciados pelo sistema pentádico de…
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Silburn & Padoux (AGLT:37-40) – ignorância metafísica
Esse sentido e lógica, bem como esse objetivo libertador, do TĀ são sublinhados por Abhinavagupta no primeiro capítulo, onde, desde o início, ele define a Realidade suprema, mostra como manifesta o universo enquanto permanece presente nele e indica como o ser humano, que surgiu dentro dessa manifestação e é prisioneiro de seu brilho, pode —…
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Padoux (APVAC:86-87) – Verbo, fulgurância vibratória
A atividade da consciência divina que traz o universo à existência e que, no nível mais elevado, é, como vimos, pura luz, prakāśa, é frequentemente descrita, especialmente no Trika, como um lampejo, um brilho, uma vibração luminosa. Isso é transmitido por termos como sphurattā, ullāsa, e outras. Essa refulgência vibratória, tanto quanto a da consciência,…
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Padoux (APPA:nota) – mahāguhyam – “grande segredo”
Tr. Antonio Carneiro mahāguhyam: esta expressão deve normalmente se ler como mahā-guhyam e se traduzir « grande segredo ». Segue-se, no entanto, aqui a leitura, insólita certamente, mas possível, de Abhinavagupta que leu mahā-aguhyam. No P.T.v. (PP. 53-57), deu sucessivamente essas duas interpretações. Explica além disso que esse segredo é assim chamado por uma parte…
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Padoux (APPA:nota) – kaulikasiddhi – poder espiritual
kaulikasiddhi: ou seja, o siddhi, poder espiritual ou perfeição de kula, que é a Energia suprema, a própria essência de Śiva. Kaulikasiddhi, portanto, designa a plenitude dos poderes espirituais supremos, ou “realizações”, a liberação na vida. No nível místico, kula, no Trika, designa a harmonia universal na qual o caminho místico termina. (Nesse texto, Abhinavagupta…
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Padoux (APPA:nota) – kula – a roda dos raios do esplendor do Senhor supremo
Sobre kula, cf. introdução, p. 5-6 e nota 13 supra, bem como minhas Recherches, PP. 195-199. Aqui está o que Abhinavagupta diz sobre isso no P.T.v.: “É em kula que kaulikī siddhi aparece, que é feito de bem-aventurança … É idêntico à consciência (vimarśa) de Śiva, que não é outra coisa senão a Consciência suprema…
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Padoux (APPA:nota) – grāhaka – sujeito consciente que percebe
Tr. Antonio Carneiro grāhaka: o sujeito consciente que percebe, ou apreende (√GRAH), o mundo da objetividade (que é « aquilo que é a perceber »: grāhya). O sujeito percebendo é consciente, animado, vivo. O mundo objetivo, por oposição, é inerte.
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Padoux (APPA:nota) – svātantrya – espontaneidade
Tr. Antonio Carneiro svatantratah. Aí há uma noção muito importante no Trika. Para o Xivaísmo da Caxemira, com efeito, svātantrya, que é a total liberdade, a pura espontaneidade criadora, a fulguração da livre potência e generosidade divinas, caracteriza o aspecto o mais elevado da divindade. Esta age como por jogo (līlā) na superabundância de um…
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Padoux (APPA:nota) – hŗdaya – coração
hŗdaya: Abhinavagupta menciona o coração já na introdução de seus dois comentários sobre o T.P.. Isso se deve ao fato de ser um conceito muito importante no Xivaísmo da Caxemira e, mais especialmente, no sistema pratyabhijñā, que é o de Utpaladeva. Além disso, é particularmente normal aludir a ele aqui, uma vez que o ensinamento…
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Padoux (APPA:nota) – prakāśa – luz
parollasaih. . .sphūrjati: é nisso que o primeiro princípio está vivo e é por meio disso que manifesta o universo. Com relação a isso, vale a pena observar o papel muito importante no Xivaísmo da Caxemira de certos termos que conotam vários aspectos da luz: fulguração, vibração luminosa, iluminação, reflexão. É certo que o uso…