A doutrina da Imaginação em sua função psico-cósmica reveste um duplo aspecto: um aspecto cosmogônico, até teogônico (a «teogonia» dos Nomes divinos), a respeito do qual se deverá ter conta que se a ideia de «gênese» é aqui estranha a qualquer ideia de cratio ex nihilo, ela se diferencia igualmente da ideia neoplatônica de emanação; deve-se pensar ao invés no processo de uma iluminação crescente, levando gradualmente ao estado luminescente as possibilidades eternamente latentes no Ser divino original. Há em segundo lugar uma aspecto e uma função propriamente psicológicas; no entanto deve-se considerar que os dois aspectos são inseparáveis, complementares e homologáveis. Uma análise perfeita deveria abarcar a obra completa de Ibn Arabi; seria preciso um trabalho de dimensões consideráveis. No entanto um capítulo do grande livro das Conquistas espirituais (ou das Revelações) da Meca», esboça propriamente uma «ciência da Imaginação» (ilm al=khayal), e fornece um esquema dos temas que põe em obra. Ele nos atesta também a dificuldade de articular claramente os dois aspectos distinguidos acima. Mas sob algum aspecto, em algum grau ou faze que consideremos a Imaginação, que seja a seu grau de «Presença» ou «Dignidade Imaginadora» (Hadrat khayaliya) em sua função cósmica, ou seja como poder imaginativo no homem, sua característica é constante, e já o revelamos: é sua natureza e função intermediária, de mediadora.
(CorbinIbnArabi)