A partir do sentido corrente da palavra grega Angelos, mensageiro (que tem por equivalente o hebreu malakh, o árabe malak, o persa fereshteh), vamos considerar as emergências, as relevâncias desta significação aparentemente inofensiva, porque é ainda puramente exotérica. Estas relevâncias têm lugar na gnose, no esoterismo (no sentido etimológico desta palavra) das três comunidades abraâmicas, aquelas que o Corão designa como Ahl al-Kitab, as «comunidades do Livro». O que estas relevâncias conferem à mensagem do Anjo, nada mais é que o sentido de uma função teofânica necessária. A necessidade desta função teofânica decorre do conceito da divindade como absolutamente transcendente, e perde-se frequentemente de vista o fato que, sem a angelologia, o que se chama tão facilmente o monoteísmo perece em um triunfo ilusório. Para o compreender, teremos que nos relembrar primeiramente como o tawhid, o Ato unificador do Único foi meditado até à vertigem pelos metafísicos místicos no Islã. E esta meditação não toma toda sua ressonância senão se evocamos simultaneamente a angelologia neoplatônica de um Proclus, porque de uma ponta a outra um mesmo esquema metafísico do ser reserva ao Anjo, ao Angelos, uma função teofânica semelhante.
- Prólogo
- Da necessidade da angelologia
- A angelologia neoplatônica de Proclus
- A tríade, a tétrade e heptade arcangélicas
- O arcanjo Miguel e Christos Angelos
- A angelologia aviceniana e a assunção extática do profeta
- O arcanjo Gabriel, Espírito Santo e Anjo da humanidade
- O Anjo da Face