No que concerne à estrela, costuma-se reter sobretudo sua qualidade de luminar, de fonte de luz. As estrelas representadas na abóbada de um templo ou de uma igreja dizem respeito, especificamente, ao significado celeste desses astros. Seu caráter celeste faz com que eles sejam também símbolos do espírito e, particularmente, do conflito entre as forças espirituais (ou de luz) e as forças materiais (ou das trevas). As estrelas traspassam a obscuridade; são faróis projetados na noite do inconsciente.
Tanto para o Antigo Testamento quanto para o Judaísmo, as estrelas obedecem às vontades de Deus e, eventualmente, as anunciam (Isaías, 40, 26; Salmos, 19, 2). Portanto, elas não são criaturas puramente inanimadas: um anjo vela sobre cada estrela (I Enoch, 72, 3). E daí para que se começasse a ver na estrela o símbolo do anjo era só um passo, que não tardou a ser dado: o Apocalipse fala de estrelas caídas do céu (6, 13), como se se referisse a anjos caídos.
Daniel (12, 3), quando descreve o que haveria de ocorrer aos homens no momento da ressurreição, usa justamente o símbolo da estrela para caracterizar a vida eterna dos justos: a ascensão para o estado de estrelas celestes.
Em compensação, quando o visionário do Apocalipse fala das sete estrelas que o Cristo segura em sua mão direita (1, 16-20; 2; I. 1), refere-se sem dúvida aos sete planetas, às sete Igrejas (à testa dos destinos humanos).
Finalmente, restaria ainda por assinalar que a profecia de Números, 24, 17 influenciou a simbólica messiânica, e que a estrela foi muitas vezes considerada como uma imagem ou nome do Messias esperado. Explica-se, assim, a presença de uma estrela nas moedas cunhadas por Simão Bar-Kokba (Filho da Estrela), chefe político-religioso da segunda revolta judaica em 132-135 da nossa era. (DS)