AL GHAZALI — O TABERNÁCULO DAS LUZES
Mishkat al-Anwar é uma obra escrita, segundo muitos, ao final da vida de Al Ghazali. Resume em três capítulos um certo número de temas já tratados por este mestre em obras anteriores. A intenção parece ser de explicar a um amigo o verdadeiro significado da Sura da Luz (Corão, XXIV, 35), assim como a tradição do Profeta acerca dos “véus de luz e de trevas”. Encontra-se em sua leitura uma metafísica da participação, uma referência à doutrina do homem criado à imagem de Deus, da correspondência entre o homem-microcosmo e o universo, base de sua teoria do simbolismo, e também uma classificação das faculdades humanas de conhecimento. Tudo isto se articula ao redor de um eixo condutor do tratado, que é a ascensão espiritual (v. psychanodia e Miguel Asín Palacios), tendo como modelo o miraj do Profeta.
Os três capítulos da obras são:
#demonstração que a verdadeira luz é Deus, que o nome “Luz”, aplicado a outro ser, é puramente metafórico e que não deve se tomá-lo em sentido próprio (v. A VERDADEIRA LUZ É DEUS).
#demonstra o que representa o Tabernáculo, a Lâmpada, o Vaso, a Árvore, o Azeite e o Fogo.
#trata do significado das palavras do Profeta: “Deus tem setenta véus de luz e de trevas; se Ele os retirasse, as glórias fulgurantes de Seu Rosto consumiriam ao que se sentisse atraído por Sua Mirada”. Uma lição menciona “setecentos véus” e outra “setenta mil”. (Excertos da apresentação da tradução espanhola de Carlos E. Saltzmann, feita sobre a tradução francesa de Roger Deladrière)