Na teologia órfica o que choca igualmente desde o início, é a importância do casal primitivo Oceano e Tétis: destas duas divindades saem todos os outros deuses. Eles mesmo provêm do Céu e da Terra, nascidos de um ovo, ao mesmo tempo que o Amor (Eros). Este ovo ele mesmo foi concebido pela Noite. Concepções semelhantes têm, como dissemos, sua fonte direta na experiência ritual: a liturgia da criação mostrava com efeito, como princípio das coisas físicas, um homem (o Céu) e uma mulher (a Terra) acoplados em uma caverna, quer dizer nas trevas do mundo subterrâneo (a Noite); do momento que sua união inicial se rompia, em outros termos desde que quebrava a casca do ovo, eles eram atraídos inevitavelmente um para o outro: o amor, ou Eros, que se manifestava primordialmente por sua sutura total na unidade do mundo dinâmico, se tornava, depois da separação, sua mútua atração. Não há aí, de modo algum, como se crê, especulações abstratas. Estamos em presença de práticas litúrgicas fielmente transcritas pelo orfismo, e sua profundidade se deve a amplitude das antigas concepções sacerdotais subjacentes.
Gordon Oceano Orfismo
TERMOS CHAVES: Orpheus