No ponto de partida se situa uma Revelação, ou iluminação primitiva do pensamento humano; esta se encontrava provida, com efeito, originariamente, de um potencial mental superior, que a alçava acima da «natureza». O pecado, em a destrançando de Deus, dito de outro modo do Ser, a despojou ipso facto de seu poder primordial, e a cindiu da essência das coisas. É este desnível, esta queda em patamar inferior de conhecimento, que decaiu o homem superior do início ao ranque de homem, e determinou a visão do universo como um agregado flutuante de mecanismos físicos.
As consequências desta catástrofe foram, e permanecem, terríveis para nossa espécie. Mas o que é essencial de notar, é que a iluminação inicial nos marcou para sempre de um selo divino. Pregado ao ser por conta de seu princípio constitutivo, o homem o busca incessantemente, e não poderia se satisfazer de impressões de superfície que seu intelecto deve atualmente se alimentar. Cindido de Deus, ele não pode, sobre as formas por vezes mais estranhas, não afirmar Deus, e aspirar a Ele. Quer queira ou não, que se dê conta ou que ignore, ele se move no Ser, e se asfixia fora do Ser. Lançado em um cosmo opaco, tenta no entanto inelutavelmente encontrar os mundos de luz, e de abrir caminhos para eles, no seio das trevas onde se debate.
Essas tentativas formam o que o autor chama os traços da Revelação Primitiva. Pode-se também dizer os reflexos.
As páginas desta obra têm por objeto estabelecer que a história da humanidade, em seus elementos fundamentais, repousa sobre esta iluminação primordial, e se torna inexplicável sem ela. A impressão inapagável aposta sobre nosso pensamento quando da estada naquilo que a Bíblia nomeou o Jardim do Éden é, e sempre foi, o fator determinante de nossa atividade, ao mesmo tempo que sua etiqueta de origem e que o marcador distintivo do homo sapiens adâmico em oposição às outras espécies animais.