Sem dúvida a tarefa educativa do primeiro homem a respeito de seus filhos teria sido impossível, se as disciplinas comunicadas por ele com a finalidade de manter o contato estreito com o mundo das essências, assim como uma tomada direta sobre o reservatório infinito da energia, tivessem sido ilusórias: não o foram. Se o homem, com efeito, partiu do zero para o conhecimento experimental, e se, deste ponto de vista, sua evolução marca um desenvolvimento progressivo certo, um desenvolvimento admirável, é, em revanche, partido do alto, — de além do mundo visto como físico — tanto pela intuição profunda dos seres, quanto pela utilização da radiante – matéria radiante; e a este respeito, sua história não é senão uma longa decadência. Devia à princípio, normalmente, assim ser. Nossa ciência atual, baseada sobre o espaço e o tempo humanos, devia pouco a pouco se substituir à ciência original, repousando sobre o espaço e o tempo divinos. Esta substituição era tão inelutável que a ciência do início, para ser eficaz, exigia como condições de acesso, posteriormente ao desnivelamento do super-homem, e à ocultação, um ascetismo impiedoso, assim como qualidade espirituais ou morais dificilmente compatíveis, para a massa dos homens, com a existência sensível.
Deste estado inicial, a humanidade conservou, durante milênios, uma mentalidade que se denomina por vezes pré-lógica, e que se poderia também chamar pós-lógica, posto que ela foi consecutiva à experiência transcendente do primeiro homem em nosso cosmo de origem, que é o cosmo visualizado como dinamismo. Esta mentalidade, que é em realidade, ontológica, subsistirá, em certos seres, até o fim dos tempos humanos, pois ela corresponde à verdadeira natureza do homem: jamais a mentalidade dita lógica, científica, ou empírica, não a sufocará, do mesmo modo que a ciência não asfixiará jamais a arte: ela é a escotilha pela qual o homem olha o mundo feérico do qual momentaneamente se exilou.