A Águia: (al-‘uqâb al-mâlik), Primeiro Intelecto ou Ca-lame Superior.
O surgimento desse primeiro ser existencial é, de acordo com Ibn Arabi, o resultado de uma teofania (tagalli) por meio da qual Deus se manifesta. O reflexo dessa manifestação é o intelecto, a autodeterminação do Princípio. Como a primeira limitação na Existência, o intelecto não pertence mais ao domínio divino. O autor insiste em seu caráter criado, opondo-se, assim, aos filósofos a quem acusa de confundir anterioridade com eternidade e de, ao divinizar o intelecto, imaginar-se capaz de apreendê-lo dentro dos limites da inteligência humana, esquecendo-se do papel essencial da graça na obtenção do conhecimento.
Entretanto, se o intelecto não é divino, ele é, no entanto, o instrumento por excelência do conhecimento, porque seu modo adequado de percepção é a contemplação ou o testemunho (Suhud) no coração do ser do Ser essencial e único (wugud).
Assim, por meio de sua ambivalência, ela e o Homem universal, do qual é um aspecto, assumem identidade e diferença e, portanto, fundem-se com o simbolismo do Trono, no qual o nome supremo Alá está estabelecido, a síntese de todos os outros nomes divinos, complementares e opostos. A Árvore contém em si a dualidade cuja dinâmica a Águia representa, pois ela é a fonte da emanação e do rigor restritivo, da “dilatação” e da “contração” e, portanto, de todos os movimentos alternados da manifestação. Ele também é o grande Governante do Universo, distribuindo todos os espíritos superiores, intermediários e inferiores de acordo com a hierarquia dos graus do Ser.