Pierre Grison — O Tratado da Flor de Ouro do Supremo Uno
Da meditação
Pode-se distinguir sumariamente, nos modos de acesso ao conhecimento, dois elementos distintos: um pode ser dito «negativo», no sentido que tende a destruir os obstáculos — exteriores ou mentais — que se opõem à penetração da «luz»; o segundo é o ato «positivo», pelo qual o homem se abre a esta penetração. Estas duas etapas são precisamente aquelas que o Tien-tai designa pela fórmula: «parar e realizar». «Parar, ensina o Grande Mestre Chih-Chi, é entrar no maravilhoso silêncio e a na paz da potencialidade (dhyana-samapatti); realizar, é penetrar nas riquezas da intuição e da inteligência transcendental (matti-prajna). A meditação corresponde propriamente a «parada»: segundo as doutrinas da Índia, ela se funda na prática da concentração, ou fixação (dharana), a qual está ligada aos asana (posturas) e à pranayama (controle da respiração), que constituem o essencial do ensinamento do Hatha-yoga.
Depois de considerar alguns aspectos relevantes das condições físicas e exteriores da meditação, Grison ressalta a tripla contemplação da «vacuidade, da ilusão e do centro». O vazio das coisas e da existência sendo realizado, «prossegue-se suas ocupações no coração da vacuidade». Cessando de prestar atenção a isso mesmo que se tem por vazio, se chega à «contemplação do centro». Aqui, referência ao Taoismo autêntico como ao Budismo, a fase de «parada» se limita à obtenção da «vacuidade do coração». O segredo do método como aquele da meta é o desapego, a espontaneidade, a «não intenção». O Chan que leva as coisas até suas consequências últimas, afirma pela voz de Hakuin que se apegar à forma da meditação, é «encher um poço com neve». Nada de semelhante aqui, onde a atitude justa poderia ser expressa por um outro aspecto do Chan: no tiro de arco, o alvo é alcançado sem ter sido visado. Ele não é realmente senão nesta condição.