A base de minha compreensão da Lebensphilosophie, ou filosofia da vida, é a presença da vida, por um lado, e a expressão dessa presença, por outro. Por mais pungente ou intensa que seja a experiência de vida de uma pessoa, há intervalos de inércia entre a realização e a apreensão, entre a apreensão e o compartilhamento da presença por meio da linguagem. Aqui, linguagem significa articulação. Os praticantes da filosofia da vida são indivíduos expressivos cuja extraordinária capacidade de apresentar a vida como manifestação os induz a articular essa presença na linguagem. Os articuladores mais habilidosos e reverenciados da presença são os poetas, mas somente na medida em que o poeta é de fato uma presença e tem presença suficiente para compartilhar — os articuladores em si não são necessariamente poetas.
A tradução da presença em linguagem é dificultada pelos intervalos de inércia, e essa inércia pode ser descrita como resultante de uma colisão entre o dinâmico e o estático, entre o viver e o morrer. No entanto, a colisão entre a presença e a articulação não resulta em uma paralisação completa, mas em uma queda ou desaceleração da atividade, como um abatimento. Por essa razão, por mais viva e vibrante que a visão do poeta tenha sido originalmente, quando traduzida em sua obra, ela começa a morrer imediatamente. A linguagem tem um efeito letal sobre todas as coisas. Friedrich Nietzsche escreveu que “toda palavra é um preconceito” (“jedes Wort ist ein Vorurteil”), mas eu defendo que toda palavra é uma sentença de morte (jedes Wort ist ein Todesurteil). Em outro momento, Nietzsche estava escrevendo sobre a autoestima e o intervalo entre a experiência e a articulação: “Nossas experiências reais não são nem um pouco comunicáveis. Elas não poderiam se expressar se quisessem. Isso ocorre porque lhes faltam palavras. Já estamos muito além de qualquer coisa para a qual tenhamos palavras” (II, 1005). Mas a presença, como experiência, é real, é atual, e não estamos além da presença. Consequentemente, para ter presença, não devemos articular, não devemos tentar encontrar a palavra para ela, então não estaremos “além” da presença em virtude de tê-la matado com uma palavra.
A linguagem, como meio de articulação, está sempre morrendo. Falamos de “línguas mortas” como aquelas que não têm mais a capacidade de mudar, porque não estão em uso ativo, não estão ligadas à vitalidade de gerações florescentes. Quando estudiosos e artistas tentam reconstruir ou reviver a cultura dos antigos por meio de suas línguas mortas (grego, sânscrito, latim), esses esforços não são meramente nostálgicos; a juventude — na verdade, a infância — da linguagem como o despertar histórico da humanidade nos coloca na presença de uma vida mais exuberante e mais viva. O poeta moderno que expressa o imediatismo da presença geralmente terá um efeito primitivo, apesar da sofisticação da obra. Hölderlin, mais do que qualquer outro poeta desde o Iluminismo, viveu na presença vital dos antigos, voltando a um estado de ser no qual a linguagem ainda invocava o ser para manifestar uma presença, em oposição ao uso estritamente moderno, no qual a linguagem, como meio de objetividade e objetivação, trabalha para conquistar territórios em seu próprio nome, mesmo tendo esquecido seu próprio nome.