Da Sabedoria de Adão

IBN ARABI — SABEDORIA DOS PROFETAS
A SABEDORIA DO DIVINO NO VERBO DE ADÃO

Segundo Austin, um de seus tradutores em inglês, este capítulo como sugere o título trata principalmente do relacionamento entre Adão, que aqui simboliza o arquétipo da humanidade, e Deus. Mais particularmente, concerne a função de Adão no processo criativo, como o princípio de agência, transmissão, reflexão, e, de fato, como a própria razão para a criação do Cosmo. O capítulo também discute a natureza dos anjos e o relacionamento entre pares de conceitos essenciais à compreensão do processo criativo, tais como universal-individual, necessário-contingente, primeiro-último, exterior-interior, luz-escuridão e aprovação-ira.

Ibn Arabi abre o capítulo, entretanto, com o tema dos Nomes Divinos e de seus relacionamentos com a divina Essência. Pelo termo «Nomes», significa os Nomes de Deus, o Nome Alá sendo o supremo Nome. Estes Nomes servem, essencialmente, para descrever as modalidades infinitas e complexas da polaridade Deus-Cosmos. O supremo Nome ele mesmo, como sendo aquele de Deus Ele mesmo, claramente descreve a natureza geral e universal daquele relacionamento: que é Deus Quem é o real, o Autossuficiente, enquanto o Cosmo é, essencialmente, irreal e completamente dependente. Pelo termo «Essência» (dhat), ele se refere ao que o divino ser é em Si mesmo, além de qualquer polaridade ou relacionamento com um cosmo. Este termo não deve ser confundido com «a Realidade», que denota ao invés esse Ser primordial e eterna Percepção que une tanto polaridade quanto não-polaridade. Assim os Nomes, incluindo o supremo Nome, têm relevância ou sentido somente dentro do contexto da polaridade Divindade-Cosmo, e Adão representa precisamente aquele princípio que ao mesmo tempo medeia e resolve a totalidade da experiência daquela polaridade, sendo a ligação vital sem a qual a totalidade da ocorrência da divina Autoconsciência não seria possível.

R. W. J. Austin, Sabedoria dos Profetas