Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria da inspiração divina no verbo de Seth §19

Alguns pensadores intelectualmente fracos, partindo do dogma de que Deus faz o que quer, declararam que é permitido a Deus agir de forma contrária aos princípios e ao que a realidade (al-amr) é em si mesma (ou seja, em seu estado principial — como se a manifestação de Deus não procedesse de possibilidades eternamente presentes no Ser Divino e no Intelecto universal). Como resultado, eles chegaram ao ponto de negar a possibilidade como tal e aceitar (como categorias lógicas e ontológicas) apenas a necessidade absoluta (isto é, a “existência” do próprio Deus) e a necessidade por outros (isto é, a necessidade relativa). Mas o homem sábio admite a possibilidade, cuja posição ontológica ele conhece; obviamente, a possibilidade (como tal) não é o possível (no sentido do que poderia existir ou não existir), e de onde seria, uma vez que é essencialmente necessária por causa de um (princípio) diferente de si mesma. Mas, finalmente, de onde vem essa distinção entre ele e seu princípio que o torna necessário (e do qual ele constitui precisamente uma possibilidade de manifestação)? Mas ninguém conhece a distinção em questão, exceto aqueles que conhecem Deus.

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