Dado que o ser efêmero manifesta a “forma” do eterno, é pela contemplação do efêmero que Deus nos comunica o conhecimento Dele mesmo; Ele nos diz (no Corão) que Ele nos mostra Seus “signos” no efêmero (“Nós lhes mostraremos Nossos signos nos horizontes e neles mesmos… Corão XLI, 53). É a partir de nós mesmos que concluímos a Ele; nós não Lhe atribuímos nenhuma qualidade sem ser nós mesmos esta qualidade, a exceção da autonomia principial. Desde o momento que nós O conhecemos por nós e a partir de nós, nós Lhe atribuímos tudo aquilo que nós atribuímos a nós mesmos e é por isto, por outro lado, que a revelação nos foi dada pela boca dos intérpretes (quer dizer dos profetas) e que Deus Se descreve para nós por meio de nós. Em contemplando-O, nós nos contemplamos, e em nos contemplando, Ele Se contempla, embora sejamos evidentemente numerosos quanto aos indivíduos e aos gêneros; nós estamos unidos, é verdade, em uma só e mesma realidade essencial, mas não menos existe disto uma distinção dos indivíduos, sem o que, por conseguinte, não existiria multiplicidade na unidade.