A obra consagrada por Gonzague de Reynold, Charles Baudelaire, nos aportou um esclarecimento sobre a aproximação das «Flores do Mal» e da «Divina Comédia» de Dante. Segundo ele, o primeiro círculo seria aquele do «Spleen», o segundo do «Amour coupable», o terceiro da «Luxure», o quarto da «Mort». Ele identifica igualmente o Purgatório à «Douleur» e o Paraíso ao «Idéal d’art et d’amour» do poeta.
Se notamos que Baudelaire, em uma carta de 1859 a Nadar chamava Dante de «o poeta mais sério e mais triste», é possível pensar que a comparação proposta por Gonzague de Reynold mereceria ser examinada atentamente.
Todavia nos parece de pronto que é a edição original das Flores do Mal que se deve comparar a Divina Comédia — por conta de sua estrutura numérica mesma, que não se encontra evidentemente nas edições posteriores. A edição de 1857 é assim constituída:
Spleen et Idéal : | 1 à 77 ; | seja 11 x 7 poemas | 77 |
Fleurs du mal : | 77 à 89 ; | seja 12 poemas | 12 |
Révolte : | 90 à 92 ; | seja 3 poemas | |
Le Vin : | 93 à 97 ; | seja 5 poemas | 11 |
La Mort : | 98 à 100 ; | seja 3 poemas |
Este simples inventário mostrou portanto que, para chegar ao número perfeito de 100 (escrevendo a letra C, inicial de Charles) o poeta agrupou (11 x 7 poemas) + 12 poemas + 11 poemas seja 11 x 8 poemas + 12, o que põe em evidência os números iniciáticos 11 e 12.