THEOSOPHIA — JOSEPH DE MAISTRE (1753-1821)
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FILOSOFIA
Emil Cioran: EXERCÍCIOS DE ADMIRAÇÃO
Entre os pensadores que, como Nietzsche ou São Paulo, tiveram o gosto e o talento da provocação, um lugar não desprezível cabe a Joseph de Maistre. Elevando o menor problema ao nível do paradoxo e à dignidade do escândalo, manejando o anátema com uma crueldade combinada com fervor, ele criou uma obra rica em excessos, um sistema que não cessa de nos seduzir e nos exasperar. A extensão e a eloquência de suas cóleras, a paixão que colocou a serviço de causas indefensáveis, sua obstinação em legitimar diversas injustiças, sua predileção pela fórmula homicida fazem dele esse espírito desmedido que, não se dignando a convencer o adversário, aniquila-o logo de saída pelo adjetivo. Suas convicções têm uma aparência de grande firmeza: aos apelos do ceticismo, soube responder com a arrogância de suas prevenções, com a veemência dogmática de seus desprezos.
Por volta do fim do século passado, no auge da ilusão liberal, era possível se dar ao luxo de chamá-lo de “profeta do passado”, de considerá-lo uma sobrevivência ou um fenômeno aberrante. Mas nós, de uma época mais desiludida, sabemos que ele é nosso pela própria razão de ter sido um “monstro” e que é precisamente pelo aspecto odioso de suas doutrinas que está vivo e que é atual. Aliás, estaria ultrapassado se igualmente não pertencesse a esta família de espíritos que se distinguem magnificamente.
Invejamos a sorte, o privilégio que teve de confundir tanto seus detratores quanto seus seguidores, de os obrigar a se perguntar: fez realmente a apologia do carrasco e da guerra ou apenas se limitou a reconhecer a sua necessidade? Em seu discurso contra Port-Royal, exprimiu a essência de seu pensamento ou cedeu somente a um impulso de humor? Onde acaba o teórico e onde começa o sectário? Era um cínico, um entusiasta, ou foi apenas um esteta perdido no catolicismo?
Ignoraria a prática do excesso aquele que não a aprendesse na escola de Maistre, tão hábil em comprometer o que ama quanto o que detesta. Massa de elogios, avalanche de argumentos ditirâmbicos, seu livro Du Pape assustou um pouco o Sumo Pontífice que percebeu o perigo de uma apologia deste tipo. Só existe uma maneira de louvar: inspirar medo àquele que exaltamos, fazê-lo tremer, obrigá-lo a esconder-se longe da estátua que lhe construímos, forçá-lo, através da hipérbole abundante, a apreciar a sua mediocridade e a admiti-la. O que é um louvor que não atormenta nem perturba, o que é um elogio que não mata? Toda apologia deveria ser um assassinato por entusiasmo
PERENIALISTAS
René Guénon: JOSEPH DE MAISTRE]