(18:11)
Karl: Há algo além da percepção?
K: O que digo?
Q: Dizes que o Parabrahma é independente dos sonhos. Só percebemos os sonhos.
K: Não digo isto! Digo que Ele é com e sem, mas independente não é a palavra certa. Ele é com e sem o sonho. Mas certamente o sonho é dependente do Parabrahma.
Q: Então o que percebemos no sonho é algo que pode ser percebido?
K: Toda experiência necessita percepção. É como uma percepção pessoal com o percebedor e uma percepção impessoal sem o percebedor, mas necessita percepção. Por isto Ramana chama isto o Vidente (Seer), o Vidente Absoluto. Como o Si Mesmo, o Vidente Absoluto, por ver, realizando a si mesmo pessoal ou impessoalmente. O Si Mesmo pelo perceber realiza a si mesmo. O primeiro que é percebido é o percebedor. Este é o primeiro que o Si Mesmo Absoluto percebe, o percebedor. Segue então, o percebendo e o que é percebido. Mas o percebedor que foi percebido já é algo de segunda-mão, não é a natureza de Parabrahma. Isto é tudo! Ser Isso que és apesar do percebedor que é percebido, eis Isso-que-és. Com ou sem o percebedor, és. Isto é tudo!
Q: Mas a percepção ocorre?
K: Não, a percepção não ocorre. A percepção é somente o início do fim da realização da realidade. Mas, Isso que está realizando a si mesmo é com ou sem perceber o que é. Nunca necessita perceber a si mesmo ou nada para existir. Mesmo “nada” necessita um percebedor para ser percebido. Não pode haver “vazio” ou “nada” sem a percepção, e alguém a chamando de “nada”. É necessário alguém que está percebendo “nada”.
Q: Mas quem é este “alguém”?
K: Nunca saberás, mas Isso-é-o-que-és. Sem pré-senso (PRE-sense, jogo de palavra com inglês presence) não há sensação ou não sensação. Ambas são presença e ausência dependendo do Absoluto pré-senso de Isso-que-és. Mas este pré-senso não é dependente da presença ou da ausência.