P: Não pode haver um movimento sem esse eu?
K: Precisa de um eu, precisa de alguém que chame movimento a alguma coisa. Precisa de uma história de ir e vir e esse sou eu. Ir e vir é o sofrimento, a história. E a história precisa de um eu. É por isso que se chama His-Story. É a história dele, não a tua história. Talvez no teu caso seja a história dela e não a história dele.
O que é que existiria sem esse definidor que define o ir e vir, o nascimento e a morte? Mudanças. A isso chama-se o diabo, o mestre do tempo, o mestre do inferno, das diferenças. Sem o eu não há diferenças. É preciso um definidor de uma “árvore” para diferenciar entre “água” e outras coisas. Quando se é bebé não se conhecem estas diferenças. É um condicionamento do eu que veio até si para fazer diferenças entre as coisas e você aprendeu-o. O que aprendeu desaparecerá um dia e voltará a ficar sem esse sistema de diferenças.
Veio e vai-se embora, mais cedo ou mais tarde. Como vai desaparecer, já não existe. Porque é que te preocupas com algo que vai desaparecer por si mesmo? Veio por si só e vai-se embora por si só. Porque é que te preocupas com isso? Queres que seja mais cedo? Que procuras fazer mais cedo?
No taoismo, há um fazendeiro que sai cedo para a fazenda e arranca a grama para fazê-la crescer mais rápido. Esse é o buscador. Tente arrancar a semente antes mesmo de ela brotar. Que loucura! Você não pode esperar, esse é o problema.