Alfa e Ômega

Em resumo, o Centro é, ao mesmo tempo, o princípio e o fim de todas as coisas; ele é, segundo um simbolismo muito conhecido, o alfa e o ômega. Melhor ainda, é o princípio, o meio e o fim. Esses três aspectos estão representados pelos três elementos do monossílabo Aum, ao qual o Sr. Charbonneau-Lassay referiu-se como emblema de Cristo, e cuja associação à suástica, entre os signos do convento do Carmo de Loudun, parece-nos particularmente significativa. De fato, esse símbolo, muito mais completo que o alfa e o ômega, e capaz de sentidos que poderiam propiciar desenvolvimentos quase que indefinidos, é, por uma das concordâncias mais surpreendentes que se poderiam encontrar, comum à antiga tradição hindu e ao esoterismo cristão da Idade Média. Em ambos os casos, ele é, igualmente e por excelência, um símbolo do Verbo, que é na realidade o verdadeiro “Centro do Mundo”. (Guénon)


David Fideler: Excertos de “Jesus Christ, Sun of God Publisher: Quest Books”

O simbolismo de Alfa e Omega, o Primeiro e o último, é certamente pré-cristão. As letras Α e Ω simbolizam o princípio (arche) e o fim (telos) da criação, a semente e sua manifestação. Como um símbolo da Primeira Causa, a palavra ALPHA (valor 532) é numericamente equivalente a ATLAS, a figura na mitologia grega que “sustenta o cosmo inteiro”. Nos tempos helênicos, ALFA E ÔMEGA, eram símbolos de Éon, Eternidade personificada como um ser mitológico. Apropriadamente, ALFA E ÔMEGA aparecem também em uma joia mostrando Harpócrates, o recém-nascido sol, outro símbolo de Éon, o ponto intemporal entre opostos.

Na escrito gnóstico Pistis Sophia, Jesus instrui seus discípulos longamente a respeito da natureza dos Mistérios Primeiro e Último. Afirma que o Primeiro Mistério é o Último Mistério “de dentro para fora”, ou seja, Alfa está contido dentro de Ômega, e os dois estão intimamente conectados: “o Primeiro Mistério é o vigésimo quarto mistério do interior para o exterior”, o Último Mistério, é a vigésima quarta letra do alfabeto grego. Afirma Jesus também, na Pistis Sophia: “Aquele que recebeu o completo mistério do Primeiro Mistério do Inefável … deverá ter o poder de explorar todas as ordens da Herança da Luz”. Neste contexto, a “Herança da Luz” é uma referência ao cânone órfico pré-cristão do número, que subjaz as estórias de vários eventos milagrosos no NT cristão.

Antes da emergência da “Nova Música” da Cristandade, parece que Apolo em Delfos estava associado com o primeiro e o último mistério. Ele era o deus da geometria e da música, uma personificação do Logos, e a primeira e a última corda de sua lira eram associadas com as vogais Α e Ω. De acordo com o hino órfico “Hino a Apolo”, é dito “o princípio (arche) e o fim (telos) a vir”, e “com tua versátil lira harmonizas os polos”.