O termo brahman, que no texto acima foi traduzido como “Poder sagrado” (brahmanah parimarah: “o morrer em torno ao Poder sagrado”), tem sido o conceito mais importante e singular da religião e da filosofia hindu desde os tempos védicos até os nossos dias. À medida que avancemos em nosso estudo, o significado de brahman ficará mais claro. Não é uma palavra facilmente traduzível nas línguas do Ocidente. No entanto, podemos preparar o terreno fazendo uso de uma breve investigação preliminar — seguindo as linhas tidas em alta consideração na teologia védica e nas ciências indianas de épocas posteriores — como técnica para descobrir, não apenas a acepção de um termo (naman), mas também a natureza essencial do objeto denotado (rapa). O método é o de examinar a etimologia dos vocábulos em questão.
Consideremos a frase brahmanah parimarah: a raiz mr— > mar-, “morrer”, está relacionada com “mortal” e o prefixo pari— corresponde ao grego peri, “ao redor” (a saber, peri-metro, “medida ao redor”, ou seja, “circunferência”, peri-scópio, “um instrumento para olhar ao redor”). A terminação -ah, acrescentada à raiz, forma um substantivo verbal. Assim, traduzimos o termo parimarah por “o morrer em torno”.
O professor Keith, no contexto acima, traduziu brahman por “o Poder sagrado”, o que ME pareceu uma escolha feliz e adequada pois circunscreve o termo convenientemente ao caso especial do texto mágico. No substantivo brah-man, brah— é o tema, -man, a terminação (a forma -manah, do texto, é o genitivo). Esta terminação, -man, também é encontrada em at-man, kar-man, na-man; sua força reside na função de formar um substantivo de ação (nomina actionis). Por exemplo, at-man, da raiz an-, “respirar” (alguns acreditam, no entanto, que deriva de at-, “ir”), é o princípio da respiração (ou da ação de ir), que é vida. Do mesmo modo, kar-man, da raiz kr, “fazer”, é “trabalho, ação, rito, desempenho” e na-man, da raiz jna-, “conhecer”, significa “nome”. [Zimmer]