ciclo anual

VIDE simbolismo solsticial

As fases do ciclo anual são uma “ascendente” e a outra “descendente”. A primeira é o período do curso do Sol para o norte (uttarayana), indo do solstício de inverno para o solstício de verão; a segunda é a do curso do Sol para o sul (dakshinayana), indo do solstício de verão para o solstício de inverno. Na tradição hindu, a fase “ascendente” está relacionada ao deva-yana, (“caminho dos deuses”) a fase “descendente” ao pitri-yana (“caminho dos pais” ou “antepassados”), o que coincide exatamente com as designações das duas portas solsticiais: a “porta dos homens” é a que dá acesso ao pitri-yana, e a “porta dos deuses” é a que dá acesso ao deva-yana. Elas devem portanto situar-se respectivamente no início das duas fases correspondentes, isto é, a primeira deve estar bem no solstício de verão e a segunda no solstício de inverno. Nesse caso, contudo, trata-se na verdade não de uma entrada e de uma saída, mas de duas saídas diferentes, o que se deve ao fato de que, nesse caso, o ponto de vista é diferente daquele que se refere de modo especial ao papel iniciático da caverna, conciliando-se no entanto perfeitamente com ele. (…) Assim, uma das duas portas é ao mesmo tempo uma entrada e uma saída, enquanto que a outra é uma saída definitiva. Mas no que diz respeito à iniciação, é precisamente essa última saída definitiva que consiste na meta final, de modo que o ser que entrou pela “porta dos homens” deve, se atingiu de fato sua meta, sair pela “porta dos deuses”. (Guénon)


É a metade ascendente do ciclo anual que se constitui no período “alegre” (solstício de verão), isto é, benéfico ou favorável, e a metade descendente é o período “triste” (solstício de inverno), isto é, maléfico ou desfavorável. E o mesmo caráter é naturalmente atribuído à porta solsticial que abre cada um desses dois períodos, nos quais o ano encontra-se dividido em razão do próprio percurso do Sol. (Guénon)