sacrifício

(Borella1990)

O «sacrifício de Purusha» (Rig-Veda, X, 90, ed. Marabout, vol. 2, p. 499). Sobre o sacrifício criador de Purusha, o homem divino, ou de Prajâpati, o «Progenitor», pode-se ler A.K. Coomaraswamy, A Doutrina do Sacrifício, textos reunidos e traduzidos por G. Lecomte, ed. Dervy, especialmente nas pp. 53-54. Ganesha, o deus de cabeça de elefante, filho de Shiva e Pârvati, é o «Senhor das categorias (gana)», patrono das letras e das escolas, escriba que transcreveu o Mahâbhàrata. Ele simboliza a identidade subjacente e essencial do Princípio e da manifestação, realizada através do conhecimento dos números cósmicos e das artes sagradas (A. Daniélou, O Politeísmo Hindu, p. 445). Sua barriga enorme significa que ele é uma «massa de conhecimento», conforme a expressão pela qual Dionísio Areopagita traduz Querubins (A Hierarquia Celestial, cap. VII, § 1). Henoc (que aparece em Gênesis, V, 21), e de quem o Eclesiástico (XLIV, 16) diz que foi «um exemplo de ciência para todas as gerações», é apresentado no Livro de Henoc (traduzido do texto etíope por F. Martin e seus colaboradores, Letouzey e Ané, 1904) como mediador das ciências e das artes entre Deus e os homens, sendo admitido a contemplar os segredos divinos (cap. LXXI, pp. 159-162). O judaísmo rabínico interpreta seu nome, Hanôk, como «hábil» e o identifica com o enigmático Metatron. Ele deve retornar com Elias no fim dos tempos. O Alcorão, XIX, 57-58, substitui seu nome por Idriss = o sábio. Por fim, recordemos que a função «hermética» ou hermenêutica é expressamente atribuída a S. Paulo pelo Novo Testamento (Atos, XIV, 12): à vista de um milagre, os habitantes de Listra o identificaram, de fato, como Hermes, enquanto «mestre da palavra», o que não teria sentido, além do anedótico, se S. Paulo não fosse o hermeneuta por excelência da revelação, aquele que lhe deu a interpretação definitiva e orientadora.