De acordo com o simbolismo empregado pela Cabala hebraica, à direita e à esquerda correspondem respectivamente dois atributos divinos: a Misericórdia (Hesed) e a Justiça (Din), que também cabem de forma clara a Cristo, em especial quando o consideramos em seu papel de Juiz dos vivos e dos mortos. Os árabes fazem uma distinção análoga dos atributos divinos e dos nomes que lhes correspondem: “Beleza” (Djemal) e “Majestade” (Djelal). Pode-se compreender ainda, com essas últimas designações, por que os dois aspectos considerados foram representados por um rosto feminino e por outro masculino. Em suma, a chave e o cetro, que substituem a representação talvez mais comum de Jano com duas chaves, torna mais claro ainda um dos sentidos desse emblema, ou seja, o duplo poder que procede de um princípio único: poder sacerdotal e poder real reunidos, segundo a tradição judaico-cristã, na pessoa de Melquisedeque que, como diz São Paulo, “tornou-se semelhante ao Filho de Deus”. (Guénon)