Desde o momento em que se estabeleceram certas divisões da alma, propôs-se o que depois se chamou “doutrina das faculdades da alma”. Assim aconteceu com as divisões propostas por Platão, Aristóteles e pelos está. Platão distinguia entre a potência racional, a concupiscível e a irascível (mais ou menos equivalentes a razão, desejo e vontade). Aristóteles distinguiu em toda a alma duas partes fundamentais: a vegetativa e a intelectiva. Esta última compreendia a potência apetitiva e a contemplativa. Os estoicos distinguiram entre o princípio diretivo (hegemônico) de carácter racional, os sentidos, o princípio espermático e a linguagem. Santo Agostinho distinguia entre a memória, inteligência e vontade. Muitos escolásticos seguiram a classificação aristotélica; as faculdades ou potências podem ser, em geral, mecânicas, vegetativas, sensitivas e intelectuais (incluindo nestas a vontade), falou-se das potências ou faculdades de sentir, de compreender e de querer. No século dezoito ampliou-se a doutrina das faculdades até ao ponto de boa parte da estrutura das obras de Kant depender das divisões estabelecidas por tal doutrina. Pareceu fundamental a distinção entre compreensão e vontade (razão teórica e razão prática). No século dezanove foi-se abandonando a doutrina das faculdades da qual não se encontram vestígios na psicologia contemporânea. (DFW)