imaginação literária

Queria além de ME opor à superstição acadêmica, viva sempre nos países anglo-saxões, e sobretudo na América, que tende a menosprezar o ato da imaginação literária. Como se uma criação espontânea, livre, não tivesse valor algum em comparação com uma obra puramente científica. Trata-se de uma superstição muito daninha Lembro-ME algumas linhas de um dos maiores filósofos das ciências americanos, Bronowski, quem afirmava que a operação mediante a que se chega a descobrir um novo axioma não pode ser mecanizada. «Trata-se de um jogo livre do espírito, de uma invenção além dos processos lógicos. Trata-se do ato central da imaginação na ciência, semelhante desde todo ponto de vista a qualquer ato similar da literatura». Bronowski escrevia estas palavras em «The American Scientist», The Logic of the Mind, na primavera de 1966. A ciência moderna, portanto, descobriu já faz tempo o valor que para o conhecimento possui o ato imaginativo. De minha parte, revolto-ME contra esse positivismo pretendidamente científico dos eruditos para os que a criação literária não seria outra coisa que um jogo sem relação alguma com o ato de conhecer. Acredito justamente o contrário. (Mircea Eliade)