Embora a imprensa surgisse em fins do período medieval, o século XV testemunhou fases vitais em sua história: a invenção do processo no Ocidente, sua difusão, e o aperfeiçoamento dos caracteres tipográficos. A crescente demanda de livros, refletida na produção de manuscritos, foi um importante estímulo para o desenvolvimento.

A imprensa já era conhecida na China, mas o mais provável é que se desenvolvesse independentemente do Ocidente. Os problemas mecânicos de produção de escrita cursiva “artificial” foram resolvidos por um método viável, que se tornou standard durante 150 anos, inventado pelo ourives de Mainz, João Gutenberg. E em 1455-56, ele concluiu o primeiro livro impresso, a Bíblia de Gutenberg, numa tiragem de 200 exemplares em papel e velino. Ele imprimira antes indulgências da Igreja, e existia a impressão xilográfica para cartas de jogar, mas esse era o primeiro livro. A matriz de tipos de chumbo era recortada manualmente no cursivo gótico alemão dos manuscritos da época, o que persistiu na Alemanha até o século XX.

A técnica propagou-se rapidamente, com a invenção sendo reivindicada por outros (como Laurens Coster na Holanda). O trabalho em Mainz teve continuidade com Johann Fust (c. 1400-66) e Peter Schoeffer (c. 1425-1502), que produziu um saltério (1457) contendo as primeiras iniciais elaboradas e impressas a duas cores, data da impressão, nome do impressor e sua divisa, e colofão. Em cinco anos, os centros alemães incluíam Bamberg (Adolf Pfister) e Estrasburgo (Johann Mentelin); em 1500, totalizavam cerca de 60. No último quartel do século XV, a principal contribuição da Alemanha foi o livro ilustrado, sobretudo através de Augsburgo e Colônia, onde xilogravadores e impressores se uniram para desenvolver ilustrações de alta qualidade (como as de Albrecht Dürer).

Fora da Alemanha, o tipo gótico persistiu durante um século para livros religiosos e jurídicos, mas foi substituído por um tipo romano desenvolvido a partir do cursivo humanista italiano do século XV (derivado da minúscula Carolíngia), o qual inspirou o desenvolvimento de toda uma série de desenhos de tipos em Veneza, a partir de 1469. As obras impressas eram extremamente diversas; a imprensa foi decisiva na difusão do humanismo e também desempenhou um papel na Reforma.

A primeira tipografia inglesa foi instalada em 1476 por William Caxton, e o primeiro livro impresso em inglês e datado (1477) foi The Dictes or Sayengis of the Philosophers. De um modo geral, porém, os impressores ingleses estavam na dependência do continente. A primeira tipografia de Basileia (1467) tornou-se o principal centro para a imprensa humanista cristã, tendo o impressor Johann Froben (1460-1527) trabalhado com Erasmo e Holbein. Na Itália, a primeira tipografia estabeleceu-se (1465) no mosteiro de Subiaco por iniciativa de Conrad Sweynheym de Mainz (m. 1477) e Arnold Pannartz de Colônia (m. 1476), que desenvolveram um tipo híbrido romano/gótico.

Os primeiros impressores eram artistas-artesãos, editores e livreiros; portanto, favoreciam os centros comerciais, especialmente porque os grandes mecenas (como os Medici) abstiveram-se no início de oferecer qualquer apoio. Assim, Veneza atraiu muitos, fundando o moderno livro impresso. O alemão Johannes de Spira (m. 1470) desenvolveu o primeiro tipo diretamente inspirado por mãos humanistas italianas, e De Evangelica Prae-paratione (1470) estabeleceu o moderno tipo romano. Foi adaptado por Aldus Manutius (1450-1515) e Francesco Griffo (c. 1450-1518), que também imprimiram as primeiras obras gregas e desenvolveram o itálico (equivalente do cursivo) para obras menores e mais baratas.

Durante a primeira metade do século XVI, o impulso transferiu-se para a França. A imprensa foi introduzida da Alemanha para a Sorbonne (1470), com a universidade reconhecendo as vantagens da acessibilidade, do baixo custo e da uniformidade. Os manuscritos medievais continuaram sendo o modelo, apesar da introdução por Ulrich Gering do tipo romano (c. 1478), desenvolvendo os impressores franceses um tipo (lettre-bâtarde) derivado do cursivo legal francês. A influência do manuscrito levou também às edições de luxo, com Jean Dupré (fl. 1481-1504) e Philippe Pigouchet (fl. 1485-1515) produzindo Livros de Horas decorados com extrema beleza. Foi na França que o impressor e o gravador mais rivalizaram com as realizações do copista e do iluminador, dando continuidade ao legado medieval. (DIM)