VIDE baleia
É em razão da significação da letra “nun” que Seyidna Yunus (o profeta Jonas) é denominado Dhun-Nun (Senhor do Peixe). Isso tem naturalmente relação com o simbolismo geral do peixe e, de modo muito especial, com certos aspectos que consideramos no estudo precedente, em particular, como veremos a seguir, com o “peixe-salvador”, seja o Matsya-avatara da tradição hindu ou o Ichthus dos primeiros cristãos. (Guénon)
Se compararmos agora a história de Jonas a de Noé, veremos que a baleia, ao invés de desempenhar somente o papel do peixe condutor da arca, identifica-se à própria arca. De fato, Jonas permanece encenado no corpo da baleia, do mesmo modo que Satyavrata e Noé na arca, durante um período que é também para ele, e não só para o mundo exterior, um período de “obscurecimento”, correspondente ao intervalo entre dois estados ou duas modalidades de existência. Aqui também, a diferença é apenas secundaria, e as mesmas figuras simbólicas são sempre, de fato, passíveis de uma dupla aplicação: macrocósmica e microcósmica. Sabe-se além disso que a saída de Jonas do interior da baleia foi sempre interpretada como símbolo da ressurreição, portanto de passagem para um novo estado. Isso oferece, por outro lado, uma analogia com o sentido de “nascimento” que, sobretudo na Cabala hebraica, liga-se à letra nun, e que precisamos entender espiritualmente como um “novo nascimento”, ou seja, uma regeneração do ser individual ou cósmico. (Guénon)