Diversos aspectos dos manuscritos podem ser usados para determinar suas datas e origens. Os mais importantes dentre eles são a paleografia e o estudo arqueológico dos materiais, técnicas e pessoal envolvidos na produção de um manuscrito, desde a formação de cadernos até a decoração, ilustração e encadernação (codicologia). Esses aspectos são valiosos no tocante à datação e localização, e também como fonte de informação acerca do caráter de certos manuscritos, cada um dos quais é o produto de um conjunto de circunstâncias.
Nos séculos V e VI, a produção de livros no Ocidente notabilizou-se pelos elevados padrões e elevada produção. Por volta de 600, a perícia e o talento com que as oficinas laicas de cerca de 400 tinham copiado textos pagãos para clientes senatoriais, foram transmitidos aos escriptoria ligados a mosteiros ou basílicas. A maioria dos livros eram em escrita formal, usualmente maiúscula, mas os estudiosos copiavam textos em cursiva para seu próprio uso. Todos os documentos eram ainda em papiro, mas a maioria dos livros em pergaminho. O códice, que tinha sido a forma original de todos os livros cristãos e viera substituir o rolo por volta de 400, consistia tipicamente em folhas de pergaminho dobradas de modo a formar cadernos de oito folhas, nas quais as páginas opostas se combinam em sua aparência e as linhas são traçadas com uma ponta dura. O texto era normalmente de uma ou duas colunas, o formato era quase sempre grosseiramente quadrado, e os cadernos eram numerados na última página. Os copistas podiam começar os parágrafos ou as páginas com letra ampliada, escrever as linhas iniciais em tinta vermelha e decorar os títulos de capítulos com floreados a bico de pena; as iniciais desenhadas e pintadas tiveram origem na Itália no século VI. Eram produzidos manuscritos ilustrados gregos e latinos de autores pagãos (Homero, Virgílio, Terêncio) e da Bíblia (Gênesis, Reis, Evangelhos).
Nos scriptoria dos séculos VII e VIII, os padrões do continente eram com frequência inferiores aos da Grã-Bretanha, e o velho modelo dos cadernos não era sistematicamente obedecido. Os livros tornaram-se mais coloridos, ainda que menos elegantes, em virtude do desenvolvimento das iniciais e dos títulos pintados em versais. Nos livros insulares do século VII, o pergaminho característico era organizado em cadernos de 10 folhas. Os copistas irlandeses nunca abandonaram completamente as formas simples de layout e titulação, mas suas inovadoras iniciais, decoradas com motivos de origem céltica e seguidas por várias letras de tamanho decrescente, influenciaram toda a Europa até o século XIII. Por volta de 700, os copistas nortumbrianos tinham desenvolvido essas iniciais e letras de fantasia para encher páginas inteiras, adicionando ornamentos animais germânicos aos desenhos abstratos célticos. Nos principais scriptoria anglo-saxões (por exemplo, em Canterbury, Wearmouth-Jarrow e Lindisfarme), onde se dispunha de modelos italianos antigos, o layout, a escrita e a titulação foram ainda mais desenvolvidos e fizeram com sucesso cópias de ilustrações da Antiguidade Tardia.
Durante a Renascença Carolíngia (c. 775-c. 850), livros em minúscula Carolina realizaram uma impressionante síntese entre layout, titulação e ilustração naturalista baseada em modelos antigos tardios, e iniciais de inspiração insular (anglo-saxônica). A magnificência dos manuscritos litúrgicos produzidos para Carlos Magno (c. 800) e Carlos, o Calvo (m. 874), nunca foi suplantada. Uma versão revista do caderno antigo foi introduzida em Tours por volta de 830 e tornou-se praticamente universal até por volta de 1150, embora as chamadas de página tivessem substituído os números nos cadernos (c. 1000 em diante) e os tira-linhas de ponta de chumbo substituíssem os de ponta dura (c. 1075 em diante). Livros em minúscula protogótica (fins do século XI a fins do século XII — a derradeira floração dos scriptoria monásticos) eram usualmente mais altos do que antes e destacavam-se por suas excelentes iniciais policromáticas e escrita de fantasia. As iniciais historiadas substituíram com frequência as miniaturas como veículo para a ilustração.
Depois de cerca de 1200 os livros eram produzidos quase inteiramente em oficinas associadas a universidades (Paris, Bolonha, Oxford) ou a centros de mecenato régio ou mercantil (Paris, Londres, Bruges, Colônia, Milão). Os materiais e os exemplares de texto e escrita eram a área dos livreiros, a decoração e ilustração, dos iluminadores; o trabalho era subdividido entre os especialistas em caligrafia, douradores, pintores e encadernadores. Como cada fase tinha seu preço cuidadosamente calculado, a qualidade e a elaboração variavam muito entre livros iluminados para clientes régios, que por vezes pagavam adiantado aos melhores artistas contratados, e compêndios para estudantes universitários ou textos populares em vernáculo, copiados localmente por um capelão ou notário. Depois de cerca de 1175, as folhas eram pautadas de ambos os lados em ponta de bico e mais tarde em tinta, e as folhas de um caderno passaram a ser numeradas por volta de 1275. O papel, uma invenção chinesa que chegou ao conhecimento dos árabes durante o século VIII, foi usado pelos gregos já a partir do século IX e começou a ser manufaturado na Itália em torno de 1230. No Ocidente, foi originalmente usado apenas para cartas, registros notariais e livros contábeis, porém livros mais baratos em papel, especialmente escritos em vernáculo, foram bastante comuns durante todo o século XV.
Na Itália, a produção de livros especificamente humanistas começou por volta de 1350 com estudiosos como Petrarca copiando textos para seu uso pessoal, e muitos humanistas do século XV seguiram o seu exemplo. Mas depois de cerca de 1440, a escrita e iluminação dos luxuosos volumes procurados por governantes e eclesiásticos para suas bibliotecas de textos clássicos e humanísticos eram organizadas por livreiros, como Vespasiano da Bisticci de Florença, ou por bibliotecários, como em Roma e Nápoles. Poggio Bracciolini (c. 1400) copiou de modelos italianos do século XII não só a litera antiqua mas a pautação com ponta dura e a decoração com ponta de videira branca, propagando-se tudo isso de Florença para outros centros na Itália. A maior parte das iluminuras humanistas, e em especial o estilo originalmente paduano que dominou em Roma, diferiu de maneira considerável da decoração gótica tardia dos livros litúrgicos da época. Depois de cerca de 1480, quando o mercado clássico se viu inundado de edições impressas, os pressas, os copistas humanísticos remanescentes tiveram que contar, para sobreviver, com raras encomendas especiais ou com o emprego de professores de caligrafia. Ver bibliotecas; caligrafia; iluminação de manuscritos; manuscritos (DIM)