microcosmos

O homem é um composto misterioso de corpo e alma, de matéria e espírito que se unem intimamente nele, para formarem uma única natureza e pessoa. É pois, digamo-lo assim, o ponto de junção, o traço de união entre os espíritos e os corpos, uma síntese das maravilhas da criação, um pequeno mundo que resume todos os mundos — microcosmos — , e manifesta a sabedoria divina que soube unir dois seres tão dissemelhantes.

É um mundo cheio de vida: segundo nota S. Gregório Magno, distinguem-se neles três vidas, a vegetativa, a animal e a intelectual. «Homo habet vivere cum plantis, sentire cum animantibus, intelligere cum angelis». Como a planta, o homem alimenta-se, cresce e reproduz-se; como o animal, conhece os objetos sensíveis, tende para eles pelo apetite sensitivo com suas emoções e paixões, e move-se com movimento espontâneo; como o anjo, se bem que em grau inferior e de modo diverso, conhece intelectualmente o ser supra-sensível, a verdade, e com a vontade inclina-se livremente para o bem racional.

Estas três vidas não se sobrepõem, mas compenetram-se, coordenam-se e subordinam-se, para concorrerem para o mesmo fim, que é a perfeição do ser completo. É lei, a um tempo, racional e biológica que, em todo o ser composto, a vida não se pode conservar e desenvolver senão coordenando, e, por conseguinte, subordinando os seus diversos elementos ao elemento principal, sujeitando-os, para deles se servir. Tra-tando-se, pois, do homem, as faculdades inferiores, vegetativas e sensitivas, devem ser submetidas à razão e à vontade. Esta condição é absoluta: na proporção em que ela falta, enfraquece pu desaparece a vida; e, de feito, quando cessa a subordinação, começa a dissociação dos elementos; é o enfraquecimento do sistema, e por fim a morte. (Tanquerey)