Sob a diversidade de suas formas e interpretações, um símbolo conta, entretanto, entre suas propriedades, com a constância na sugestão de uma relação entre o simbolizador e o simbolizado: com efeito, a taça invertida simbolizando o céu exprime não apenas a analogia evidente de um mesmo desenho, como também tudo o que o céu evoca para o inconsciente, a saber, segurança, proteção, morada de seres superiores, fonte de prosperidade e sabedoria etc. Quer assuma a forma da cúpula numa basílica ou mesquita, ou a forma de uma tenda de nômades, ou de uma casamata, a relação simbólica permanece constante entre os dois termos, taça e céu, quaisquer que sejam os graus de consciência e as utilidades imediatas.
Outra propriedade dos símbolos é a sua interpenetração. Nenhum compartimento estanque os separa: existe sempre uma relação possível entre um e outro. Não há nada de mais alheio ao pensamento simbólico do que o exclusivismo das posições ou o princípio da exclusão de terceiros. Os conteúdos simbólicos possuem aquilo que C. G. Jung chama de afinidade essencial. Em nossa opinião essa afinidade reside numa relação, de formas e fundamentos inumeráveis, com o transcendente, i.e., num dinamismo ascensional teleonômico. A partir do momento em que aparece uma relação de grau entre duas imagens ou duas realidades, uma relação hierárquica qualquer, seja ela fundada ou não sobre uma análise racional, um símbolo estará virtualmente constituído. (DS)