O sentimentalismo é, por assim dizer, complementar ao racionalismo. Sem mesmo falar de concepções como o da “experiência religiosa” de William James, podem facilmente ser encontrados exemplos desse desvio mais ou menos acentuado na maior parte das múltiplas variedades do protestantismo, em particular do protestantismo anglo-saxão, onde o dogma de algum modo se dissolve e se desvanece para deixar apenas subsistir esse “moralismo” humanitário cujas manifestações mais ou menos estridentes são um dos traços característicos da nossa época. Desse “moralismo”, que é o resultado lógico do protestantismo, ao “moralismo” inteiramente laico e “arreligioso” (para não dizer anti-religioso) não há mais que um passo, e alguns o transpõem com muita facilidade. Trata-se, em suma, de diferentes graus no desenvolvimento de uma mesma tendência. (Guénon)
O mundo moderno vê nascer ainda, como uma espécie de contrapartida do racionalismo, o que se poderia denominar de sentimentalismo, ou seja, a tendência de ver no sentimento o que há de mais profundo e mais elevado no ser, e de afirmar sua supremacia sobre a inteligência. E é evidente que tal coisa, como tudo que na realidade constitui a exaltação do “infra-racional”, só pôde produzir-se porque a inteligência tinha sido previamente reduzida à razão pura e simples. (Guénon)